Memória Histórica de São João de Meriti
Ao povo é que dedico este pequeno esboço de Grandeza de Sua História. O torrão meritiense cresceu com o suor de seus filhos. Hoje fulgura na constelação dos municípios fluminenses, como astro de primeira expoência. É o gigante da fronteira que o viajor contempla maravilhado, pelo seu progresso.
Arlindo de Medeiros
Edição – 1958
ARLINDO DE MEDEIROS
Memória História
de
São João de Meriti
A conclusão desta obra se deu pelo integral apoio do prefeito Domingos Corrêa da Costa.
São João de Meriti
1 9 5 8
P R E Â M B U L O
É árdua a missão de elucidar, de forma fulgurante, os motivos precípuos, que nos impulsionam no sentido de uma obra.
Avolumam-se as dificuldades, quando o obreiro é um plumitivo e vê, perlustrando os horizontes, as aves ciclópicas do saber, em olímpicas alações.
Este livro veio a lume, pelo integral apoio que teve do prefeito Domingos Corrêa da Costa, que, há muito, via ampliar-se a indescritível lacuna que iria toldar o espaço da História, com a projeção obtusa de uma atroz indiferença.
O Comércio e a Indústria, deram provas sobejas, de estarem possuídos de alto espírito de patriotismo e comungar com as iniciativas, que visam melhorar o nível mental de nosso povo.
É bem verdade que muita coisa ficou à margem deste compêndio, atirado pelas sérias dificuldades em obter informações positivas ou documentar os acontecimentos.
Mas, o historiador do porvir encontrará aqui um ponto de partida, para atingir o seu preeminente objetivo.
Razões de ordem financeiras, fizeram com que este trabalho sofresse retardamento. A par com esse fator, houve outro de maior relevância que merece o desprezo dos homens sinceros, que foi a descrença dos nulos, sempre dispostos a desanimar aos que sonham.
Não pude consultar os arquivos da Câmara de Nova Iguaçu, Duque de Caxias e outros lugares, em decorrência da exigüidade de tempo.
Poucas vezes menciono os nomes de Getúlio Barbosa de Moura e Natalício Tenório Cavalcante, políticos influentes, em toda a região desta Cidade Nervosa.
É muito difícil fazer um livro. Mas, conto com a gentileza de meus patrícios. O meu trabalho é, tão somente, não deixar que a nossa história dilua-se no vazio do anonimato.
Peço a Deus que o historiador de Amanhã, encontre neste livrinho algo que mereça a sua apreciação.
Dar-me-ei, assim, por feliz
ARLINDO DE MEDEIROS
ESPLENDOR DO CANAL HISTÓRICO
O mundo marcha; quem se detiver será esmagado e o mundo continuará marchando.
Balmes
O CANAL HISTÓRICO
O antigo Canal da Pavuna, teve a sua preponderância no desenvolvimento das terras de São João de Meriti. Em todos os documentos e informações, encontrei sempre a afirmação categórica de que o Arraial de Nossa Senhora do Desterro da Pavuna, tinha perfeita conexão com Meriti ou Trairaponga. No ano de 1919, para robustecer a opinião em foco, o Arraial de Pavuna, juntamente com São João de Meriti, faziam parte do 4º. Distrito de Nova Iguaçu, de conformidade com o decreto-lei n. 1.634. Mas, posteriormente, houve o caso Sebastião A. Negreiros e tudo voltou a estaca zero. Mas, voltemos ao Canal, que foi construído no meado do século XIX, por influência do Comendador Guerra, que gozava dos favores da Coroa, como senhor de escravos e de grandes propriedades. Dir-se-ia, que essa obra teve seu início com a alta finalidade de sanear a região. Visava ligar a Baía da Guanabara com o porto de Sepetiba. Mas, logo depois de sua abertura, notou-se que as marés afluíam de forma regular, propiciando calado para pequenas embarcações. Daí o seu aproveitamento imediato durante décadas, pelos senhores de terras, que habitavam este recanto da Baixada da Guanabara. As canoas cortavam as águas em demanda da Capital, levando para outros mercados, o milho, o feijão, o açúcar, a aguardente e vários produtos dos engenhos e da lavoura. Houve obstrução parcial do Canal por parte da devastação das matas e ele ficou algum tempo desértico, dado ao difícil acesso das embarcações através de sua corrente, povoada de troncos, vegetações aquáticas, e a febre que grassava pela região, de forma virulenta. No ano de 1886, aproximadamente, houve o movimento de reabertura do Canal. Preparou-se uma das mais belas festas na terra. E, num dia qualquer, deste mesmo ano, compareceu à fazenda da Conceição, toda ornamentada de bandeiras, sobretudo o trapiche, na zona do Porto o imortal brasileiro, José do Patrocínio. O tribunício “colored”, astro de primeira água na política Nacional, aureolado pelo favoritismo da Princesa Isabel, matizou de esperanças a paisagem agreste, da terra meritiense, ainda nos alvores. Lá compareceram os donos de quase todas as fazendas da localidade. Todos com trajes que bem diziam a imponência da festa e a importância da visita. Lá pelas tantas, o Capitão Salustiano, convidou o Libertador para fazer uma visita à igreja de Meriti, que estava no alicerce, e é a que ainda existe. O visitante, segundo narração de Dona Laura Freire de Arruda, acompanhou o capitão à sua fazenda , que ficava no ponto em que atualmente se encontra a rua Ramiro Gonçalves, e hospedou-se na sua casa grande, já desaparecida. À noite, numa palestra que tivera, José do Patrocínio disse aos circundantes, que em obediência a uma promessa feita, daria para a construção da igreja, a vultosa soma de “trinta contos”. Como também, por intercessão sua, a Princesa Isabel ofertou além de diversos castiçais, a pia batismal, que tudo leva a crer não seja mais a que está na igreja. Conta-se também que José do Patrocínio cumpriu a promessa feita, doando a quantia prometida, e que foi a pedra basilar, que facilitou a edificação do Templo, que, em linhas gerais, sofreu poucas modificações. É, portanto, fora de dúvida, que a Igreja Matriz, não possui a idade que muita gente quer atribuir, quando confunde a mesma com a Igreja de Trairaponga. É verdade que nem Monsenhor Pizarro, nem Milliet de Saint Adolfo, dizem o nome da Igreja, construída à margem do rio Meriti, depois da ruína de Trairaponga.
Vários documentos preciosos desapareceram da Igreja, no ano de 1916, quando lavrou um incêndio, por formas inexplicáveis, destruindo grande parte do seu mobiliário e arquivo.
Estribando em informações de Matoso Maia, existia na época como meio de transporte, diversos barcos de propriedade particular, que flutuavam sobre o rio da Pavuna. Num computo geral contava-se 14 portos de São João de Meriti ao rio Sarapuí. No rio Meriti, propriamente, havia três barcos. Louvado ainda no mesmo autor, havia no Engenho Velho, o sargento-mór José Dias de Oliveira, que possuía uma canoa; o da Pedra do padre José Rodrigues, com uma canoa; o de Pedro Álvares Roiz, que possuía duas canoas de pesca; do de Pau Ferro, de Francisco Pupo Corrêa, com 1 barco e duas canoas; da Valla, de Catarina Maria Mendonça, com um barco; do capitão José Antonio Barbosa, com um barco e uma canoa; o de Anna Ferreira, com um barco; o da Chácara (Xacara) de Inácio Roiz e Antonio Martins; o de João da Silva, com três canoas; do capitão João Pereira de Lima Gramacho, com um barco e uma canoa; o do mestre de campo Bartolomeu José Bahia, com um barco e o do Capitão Pedro Alves Frique que não está enumerado, pelo autor.
No governo do Marques do Lavradio, a região estava no fastígio, e pela Revista do Instituto Histórico, em seu tomo 76, há um perfeito retrato da situação que predominava. Por este caminho marítimo, que só permitia passagem de barcos exíguos espremidos entre as duas margens, recobertas de vegetações, é que os colonos podiam penetrar o sertão. Foi pelo Canal de Pavuna, que o sábio francês, Augusto Saint Hilaire, penetrou no âmago da terra Fluminense, e pode escrever as suas célebres “Viagens Pelas Províncias do Rio de Janeiro”. Convém acrescentar: todas as jornadas para as Minas Gerais, eram através de Meriti, que pelo caminho marítimo em entroncamento em Pavuna quer pelo terrestre, preferido mais a miúde pelos tropeiros. Ficou célebre pela sua importância em talar os sertões fluminenses em busca do “hinterland”, mineiro a “Estrada de Minas”, que por decisão da Câmara municipal de São João de Meriti, tomou o nome do brilhante político Getulio Barbosa de Moura.
O famoso naturalista francês Augusto de Saint Hilaire, em suas famosas viagens, descreve parte da região de Meriti. Diz aquele homem de ciência, que “depois de ter abandonado a Ilha do Governador, rumou pela foz do rio Meriti. Na parte que subiu e referido rio, o seu curso era apenas sensível. Suas águas eram salobras. Atravessavam terras abaixas, pantanosas. Essas terras alagadiças eram inteiramente cobertas de árvores aquáticas. Ninguém pensava em aproveitá-las. Mas, para o futuro, com o crescimento do Rio de Janeiro, a região teria que se desenvolver”. De fato o naturalista Augusto de Saint Hilaire, previa o expoente de grandiosidades que seria Meriti, na História da Velha Província.
Mas, naquelas priscas eras, progredia na Freguesia de São João Batista de Meriti, os engenhos que abaixo transcrevo, em sincronia com a informação do Tomo 76 parte 1ª. da Revista do Instituto Histórico e corroborada por Matoso Maia, em seu livro “Memórias da Fundação de Iguassú” (Iguaçu).
O engenho do Porto, que apesar de não encontrar documentos para cimentar minha idéia, enuncio que era o do Porto de Pavuna, do tenente Manuel “Mis” dos Santos, que possuía 50 escravos, produzindo anualmente 15 caixas de açúcar, entre branco e mascavo, e 6 pipas de aguardente.
O de Nossa Senhora da Ajuda, de Francisco “Mis” que fazia 8 caixas de açúcar, 3 pipas de aguardente e possuía tão somente 32 escravos;
O da Covanca, de Marcelino Costa Barros que passou ao domínio de Conselheiro Alves Carneiro que possuía 20 escravos e só produzia 5 caixas de açúcar e 6 pipas de aguardente, demonstração típica de ineficiência. Diga-se que Costa Barros, pela delimitação existente, estava relacionada na Freguesia de São João Batista de Meriti, considerando, outrossim, os limites com a freguesia de Irajá.
O do Barbosa, de propriedade do capitão mor Domingos Viana, que em 1864 foi vendido ao Comendador Telles, ancestral da tradiconal família Teles de Menezes, cuja sede, até bem pouco, ainda existia no Vilar dos Teles, no lugar chamado Fazenda Velha. Esse engenho possuía 30 escravos e produzia 11 caixas de açúcar e outras tantas pipas de aguardente;
O de Nossa Senhora do Desterro de Pavuna, do capitão Inácio Rodrigues da Silva, que foi para as mãos do Visconde Bonfim que contava com 50 escravos, tinha uma produção pobre de 5 caixas de açúcar e 5 de aguardente;
O de São Mateus, do alferes Ambrosio de Souza, depois propriedade do Barão de Mesquita, de grande produção, com 50 escravos, fazia 30 caixas de açúcar, de 14 pipas de aguardente. A sua sede ficava nas terras do atual município de Nilópolis e suas ruínas ainda desafiam o tempo;
O de Bananal, do capitão Ayres Pinto, ascendente de Teixeira Pinto, família de origem paulista, que ficava em Engenheiro Belford, no lugar em que está uma avenida de Virgílio Machado. Ali por vastos anos viveu o Major Augusto César da Silva Pinto, herdeiro das terras que margeavam o rio Pavuna. Parte da família do Comendador Teixeira Pinto ainda vive no lugar denominado Brigituva, em Cruzeiro, Estado de São Paulo, e parte em São João de Meriti, no perímetro onde existiu outrora a antiga fazenda. Nos primórdios do Bananal com seus vinte escravos fazia 10 caixas de açúcar e 3 pipas de aguardente;
O de Gericinó ou Jerixinó de D. Maria de Andrade foi para o domínio do Visconde de Barbacena que possuía 37 escravos e obtinha 7 caixas de açúcar e 2 pipas de aguardente. Note-se que Gericinó fica atualmente para o lado do Distrito Federal e examine-se ainda a extensão da antiga freguesia. Muitas terras foram relacionadas como Rio de Janeiro, mas os documentos estão aí provando a realidade dos fatos;
O do Capitão Miguel Cabral com 18 escravos fabricando 13 caixas de açúcar e meia pipa de aguardente;
A engenhoca de João Pereira Lemos, que fazia 5 pipas de aguardente e possuía 7 escravos;
E o de Antonio da Rocha Rosa, que não é ascendente de Manuel da Rosa, conforme versões movidas por simples analogia. Este possuía 16 escravos e fazia 12 pipas de aguardente.
Todo o produto era transportado para outros mercados através do histórico canal da Pavuna com os seus 14 portos e as suas diversas modalidades de pequenas embarcações.
Por via terrestre eram penosas as caminhadas, que cortavam terrenos pantanosos, onde a febre quase sempre contaminavam os troupeiros que com seus muares jornadeiavam pela região.
Nesta terra onde tudo se destrói não existe um marco que possa recordar o fausto de uma época. Perdeu-se na voragem do tempo o significado do canal de Pavuna. Os contemporâneos vagamente se lembram de seu valor na construção de nossos destinos. Em seu ponto principal, que fora visitado por senhores ilustres, que deslumbravam os habitantes da Freguesia, ergue-se atualmente, uma parada de ônibus¹. Nem uma placa para rememorar um fato de importância capital.
Destroçamos nossa tradição.
Esta verdade, comove os espíritos mais esclarecidos.
¹ O ponto ficava depois da primeira rua, à esquerda de quem vai para o Distrito Federal. Havia ali também a famosa Bica da Mulata, que a mesma mentalidade que destruiu o Canal, arrancou-a para lugar ignorado. O trapiche ainda pode ser visto, em sua última agonia. Os apologistas da indiferença histórica, erguem no ponto em que houve tanto esplendor, uma simples parada de ônibus. Nem uma placa para rememorar um passado de glória. Fez-se dessa maneira a vontade dos arrasadores de tradição, que o mundo oficial, corroborou na sua eterna incapacidade.
T R A D I Ç Ã O
NOMES ILUSTRES DE ESTADISTAS
DO IMPÉRIO
As terras da velha Freguesia de São João de Meriti, abrigavam personagens ilustres entre eles renomados estadistas do Império. Dos vultos de maior proeminência, que viveram longos anos nas terras meritienses, é honroso citar o marquês de Barbacena ou melhor Felisberto Caldeira Brant. Possuía, aquele importante homem público, uma grande fazenda em São João de Meriti, onde, nos dias obscuros de sua vida, quando apagou-se o prestígio junto ao imperador Pedro I, fez o seu ostracismo. Há merecer citação que o marquês, muitas vezes, esteve no Arraial de Pavuna, visitando, também, a zona, no fastígio de seu progresso agrícola. O Visconde de Barbacena, fez diversas obras nas terras circunvisinhas, entre elas a canalização de um braço do Sarapuí, com seis eclusas e a regularização do curso deste rio. Teve em suas mãos uma concessão para fazer a via férrea entre o Brejo e as margens do Guandu, com a atenuante de estender um ramal até Vila Iguaçu, o que, entretanto, não se concretizou. Ocupou a presidência da Província do Rio de Janeiro em 7 de junho até 9 de outubro de 1848.
Encontrei na Pasta de Documentos Municipais do I.B.G.E., uma reportagem sobre São João de Meriti, feita pelo jornal “O ESTADO” que informa ter nascido em Meriti, no ano de 1787, o nobre Manuel Lopes Pereira Bahia, primeiro e único Barão de Meriti. Este personagem, que tudo indica não tenha sido natural da terra meritiense, pela ausência de indentificação documental, faleceu em 26-02-1860 nada constando de sua descendência e nem notícias onde repousam seus restos mortais. Podemos atestar, entretanto, que o Barão de Meriti gozou de prestígio nos tempos imperiais, tanto que figura na história do baronato;
Outro figurão da época que habitou a região no século passado sobretudo, foi Idelfonso de Oliveira Caldeira Brant, agraciado com o título de Visconde de Gericinó. Este era irmão do marquês de Barbacena, família que tinha raízes na mais alta linhagem da nobreza luzitana. Pelo estudo genealógico feito por Rodrigo Otávio, na citação de Matoso Maia, Caldeira Brant era descendente de D. João III, duque de Brabante;
O Comendador Pedro Antonio Teles Barreto de Menezes, que descendia também, conforme o brazão da família, dos nobres portugueses. Foi cavalheiro da Ordem de Cristo e viveu nas terras que batizadas como Vilar dos Teles, no 3º. Distrito de São João de Meriti, em homenagem a tradicional família;
O Conselheiro Alves Carneiro, que era dono do engenho da Covanca ou Cobanca; Antonio Tavares Guerra que foi senhor da fazenda Cara de Pato que na opinião do dr. Walter Freire Arruda, depois passou a se chamar Carrapato. O comendador Guerra foi homem de poder e influência na região durante vários anos.
Citamos ainda os que foram donos de terra em Meriti, como Tranqueira, que os restos de sua fazenda em vias de demolição ainda existem na rua da Matriz, um pouco além das cabeceiras da Maria Augusta; D. Maria Lucina, que ainda se vê o seu velho casarão na rua Mauro Arruda; Major Augusto Cezar, juiz de paz, homem caridoso, benfeitor de igreja; Dona Maria Peixoto, avó de Virgílio Azambuja Monteiro, que fez doação das terras onde atualmente se encontra o Hospital de Caridade. Se ingratidões houvessem o compilador registra aqui as suas homenagens, a veneranda senhora e ao seu neto.
TEATRO E IMPRENSA
A imprensa é a imensa e sagrada locomotiva do progresso.
Victor Hugo
I M P R E N S A
Investigações feitas nesse campo colimando reconstruir à luz desapaixonada da História os fatores capitais de nossa florescência cultural, possibilitaram a veicular o material que avulta neste capítulo de primacial importância. À mingua de melhores informes, apresento minhas escusas, se a pálida contribuição não satisfizer os espíritos mais exigentes.
O primeiro jornal que apareceu no ciclo em que se formava o clima social, semente que iria germinar o ideal de liberdade e progresso de São João de Meriti, foi o “Foról”. Esse periódico teve vida efêmera, quer pelas dificuldades em sua manutenção, quer pela orientação insidiosa que teve.
Logo depois, aparecia no mesmo espaço um outro jornal “A Marreta”, sob a direção do atual capitalista Amadeu Lanziloti. Ao que soubemos esse periódico chegou a possuir oficinas próprias, mas o seu dono, desgostoso com os insucessos políticos, colhidos pelas campanhas encetadas por seu jornal, se afastou da direção da empresa, que veio também a falir.
Entrementes surgiu também o “O Limite” sob a direção de José Muniz, jornalzinho que procurava fortalecer os ideais de libertação de nossa terra. O seu proprietário, moço pobre, como todo jornalista, não pode continuar o seu trabalho e o seu jornal, carente de recursos, também desapareceu da circulação.
Nessa inquieta transição de nossa vida política, surgiu outros pequenos jornais. Podemos citar “Garota Fluminense”, “14 de dezembro”, etc. Esses veículos de imprensa não tiveram êxito. Apenas criou no espírito do povo o sentido de independência, que jazia adormecido, sem perspectivas de alar-se pelo infinito, em busca de glória.
Com o advento da ditadura do senhor Getúlio Vargas, serenou os bombardeios das opiniões e a Imprensa, com sua majestade, ficou tolhida de exercer a sua verdadeira finalidade. E enquanto durou aquele Regime de exceção não se tem notícias de ter aparecido na terra nenhum jornal. Com o raiar da Nova Era os homens de Imprensa saíram para a arena e continuaram a sua brilhante faina. Foram semear o campo com os ensinamentos de liberdade e de Justiça. A voz da Imprensa trovejou.
Aqui abrimos um parênteses para enumerar o Jornal de São João de Meriti que apareceu sob a direção do senhor Luiz de Araújo Marques e tendo como redator Emannuel dos Santos Soares. Era um jornal bem feito, noticioso e informativo.
Paralelamente surgiu o Jornal do Povo, direção de Silvio Goulart e Abílio Teixeira de Aguiar. Não podemos afiançar se em primeiro lugar veio o jornal de Luiz de Matos, uma vez que o Jornal do Povo, só apareceu quando o seu diretor terminou com a “Tribuna de Caxias”, que também circulou muito tempo no então 2º. Distrito de Duque de Caxias.
Assim, objetivando, tudo leva a crer tenha o Jornal de São João de Meriti aparecido com a “Tribuna de Caxias” o mais antigo.
Antes de encerrar este capítulo quero lembrar um jornal bem trabalhado, a “Tribuna Fluminense” talvez o mais bem feito que já apareceu em Meriti, dirigido pelo veterano profissional de o “O Globo”, Antenor dos Santos, com a colaboração de Amadeu Lanziloti. Este jornal propugnava pela independência de Meriti e teve parte preponderante nessa luta. Depois surgiram as dificuldades e ele seguiu o caminho o ostracismo.
Na época, também circulava a revista “Voz de Meriti”, que foi considerada a melhor que já apareceu nesta parte da Baixada. Era dirigida pelo poeta Virgílio de Alcântara, rapaz esforçado e inteligentes e Osvaldo de Oliveira, secundados por Edgard Esteves, Wilson Rocha, Higino Fernandes e outros. Era órgão apolítico, mas que entrou em decomposição, justamente porque alguns de seus membros queriam torcer a sua finalidade.
Tivemos, posteriormente, a “Revista Fluminense”, de propriedade de Otávio Duarte, que apesar de possuir oficinas, não foi além de alguns números.
Merece citação também o jornal “Tribuna Democrática”, de Sebastião de Azambuja Ribeiro, que não obstante lutar com uma montanha de dificuldades deixando de circular normalmente, vem resistindo a ação do tempo.
Nos primórdios, circulava na sede do município, situada em Iguaçu, o jornal “Correio de Iguaçu”, sob a direção do jornalista Silvio Goulart, que também entrou para a obscuridade, pois o terreno foi sempre hostil ao jornalismo.
Pela observância dos fatos depreende-se que em toda a zona, o órgão de imprensa mais antigo é o “Correio da Lavoura” de Silvino de Azevedo, que há largos anos circula normalmente na Cidade dos Laranjais. Quiçá o mencionado periódico, é o mais velho da Baixada da Guanabara, depois do “Libertador”, fundado em 1887 por José Antonio de Barros Júnior, que saiu de circulação.
Existiu ainda em Meriti “A Voz dos Municípios”, de Nilo Gimenes, Rufino Gomes Júnior, jornalista fulgurante; A Tribuna do Comércio; “Tribuna Democrata”, de Rocha Maia e Élson Costa, mas o único que resiste ao tempo é o Jornal do Povo, atualmente sob a direção de Newton Goulart, moço inteligente e futuroso.
Esta deveria ser, a meu gosto, a galeria de honra a todos que lutaram pela arte de Gutemberg neste recanto da Gleba Fluminense. Se cometi algum engano, foi sem a menor consciência deste ato.
Aí fica o capítulo que gostaria tivesse sido escrito com rara perfeição.
T E A T R O
Houve sempre os adeptos da difícil arte de Talma, nesta terra de Meriti.
No raiar de nossa existência, havia os teatrinhos, formados por grupos familiares, que representavam para os espectadores íntimos, sem o revestimento técnico, exigido pelos profissionais.
Constitui tarefa espinhosa, enumerar nesta fase embrionária os grupos indistintos, que se formavam no seio de cada família, mais com caráter de diversão de que com a intenção de fazer teatro, na expressão do vocábulo ...
Mais, ainda paira na lembrança de muitos os Escoteiros São Jorge, de Engenheiro Belford, onde havia o chamado teatrinho do Sargento Otacílio, isso pelo ano de 1936, que foi durante muito tempo, o maior centro de atrações do quarto distrito de Iguaçu.
Há quem diga também na existência de um teatrinho na Matriz, há vários anos atrás, que representava somente peças sacras nas épocas da Semana Santa, ao tempo do D. Plácido Brodrs, que seria o pioneiro do teatro.
O teatro com público e peças modernas, foi introduzido no Município, pelo ator Virgílio de Alcântara, com o grupo Paz e Amor. Logo, depois, com o desaparecimento do “Paz e Amor”, formou-se o Grupo Para Sempre Unidos, sob a direção de Joaquim da Cruz e Virgílio de Alcântara, tomando parte como elementos integrantes, os atores Nicolau Dias Barão, Edgard Esteves, Fernando Duarte e Guiomar Esteves da Silva. Esse grupo marcou época em Meriti, e tanto entusiasmo insuflou no povo, que se chegou a cogitar da instalação de um teatro municipal, o que, desgraçadamente não encontrou o apoio oficial e os interessados, decepcionados, abandonaram a idéia, e concumitantemente a Ribalta.
Dos atores do passado ainda se mantém no tablado o Nicolau Dias Barão, que é um ótimo artista, tendo ainda um acendrado amor ao teatro.
A Matriz, de Meriti, abriu em seus novos salões um palco, onde abriga os astros que sonham com a vida teatral. Tem logrado êxito, as peças sacras levadas à cena, nos salões veneráveis da Igreja Matriz.
O grupo de São Genésio, está sob a orientação de Anunciação, um dos devotados batalhadores da difícil arte. Os trabalhos são supervisionados pelos padres, que joeiram as peças, não consentindo que o sabor do Belo seja conspurgado, pelas literaturas ruins ou pelo gosto obsceno de autores medíocres.
Entre os atores meritienses que mais se destacaram vale mencionar indiscutivelmente José Mesquita, que atua presentemente em algumas emissoras do Rio, e Áurea Paiva, estrela de primeira ordem, na capital do País.
Outros nomes não lembrarei para evitar citações, mas todos são talentosos, acrescendo apenas a circunstância de não terem interesse em se profissionalizar.
Quanto a nossa messe intelectual estiver mais recamada de flóreas ilustrações artísticas, indubitavelmente não ficarão à margem esses cavaleiros da beleza, que sonham em materizar na Ribalta, os personagens criados nos sonhos indesritíveis dos escritores e dos poetas.
Cumpre ainda encarecer o trabalho feito em favor do teatro pelo veterano ator Marciano Fernandes de Lima, que em Vila Rosali, foi o primeiro a levar para o povo, as belezas da arte cênica.
No campo das letras tem se destacado Adalberto Boanerges Vieira, auto de vários livros. Arnaldo de Castro, Plácido Figueiredo, Silvio Goulart, Abílio Teixeira de Aguiar, Rufino Gomes Júnior, Mussuline Daher, e Caetano Regis Batista, lograram êxito no jornalismo, sobretudo os de “Jornal do Povo” e Caetana, que é poetisa de bom quilate.
ELEMENTO HISTÓRICO
Aquele que desconhece a história, toda a vida será criança.
Cícero
A colonização das terras que atualmente constituem o município de São João de Meriti, com uma área de 33 K² teve início na metade do Século XVI.
O seu desbravamento está ligado ao desenvolvimento de São Sebastião do Rio de Janeiro, cujos primeiros governantes buscaram alargar sua jurisdição pelas terras que margeiam a Baía da Guanabara.
Há merecer citação a aluzão de Mattoso Maia Forte, de que o povoamento da planície que se derrama pelos bordos dos rios Meriti e Estrela ou Inhomirim, e da Baía à orla das serras, provém do tempo em que se iniciou o aproveitamento das terras da Fronteira do Rio de Janeiro e o povoamento da cidade fundada por Mem de Sá, que pelo seu espírito de sacrifício, conseguiu expulsar os aventureiros franceses, assegurando a posse das terras portuguesas, em definitivo.
Esta região era povoada pelos Tamoios, que na opinião de Pedro Guedes Alcoforado, em seu livro “O Tupi na Geografia Fluminense”, afiança ser povos antigos ou para usar a sua própria versão: “Os Tamaios, se julgavam conhecedores de vários segredos, por isso, eram tidos como avós”. O seu maior mártir foi o tuchau Supuguaçu que Salema, atraiçou, exterminando, em um só dia, mais de 2000 selvículas.
Entre os agraciados pela coroa, figura Brás Cubas, que é o provedor da Fazenda Real, e das capitanias de São Vicente e Santo Amaro, tendo fundado a cidade de Santos, em São Paulo, onde foi erigido em sua memória uma expressiva estátua.
Revolvendo vários compêndios, com o propósito de pesquisar, encontrei, no trabalho de Mattoso Maia, (Memória da Fundação de Iguaçu) que o nome da cidade é originário do rio que nasce com o nome de Maranguá na vertente de uma serra próxima da antiga linha de tiros do Exército Brasileiro, em Realengo, Distrito Federal, formando-se da confluência dos córregos Santa Catarina e Meirinho. Corre para Nordeste, vindo de Sudoeste, até Deodoro onde engrossa com as águas do Piraquara e Caldeireiros, vindo ambos da serra da Barata.
Por falta absoluta de referências positivas a acidentes geográficos, existe uma corrente que coloca em situação discutível, os cursos dos rios Meriti e Acari.
O fato já deu motivo a várias querelas, tendo inclusive forçado um arbitramento por parte do presidente Epitácio Pessoa.
Ora, como está claro na planta feita pelo Instituto Cartográfico, Guanabara Barreiros, em 1949, constante da pasta de documentos municipais, do I.B.G.E., o rio Meriti começa onde está a Vila Pedro II.
Daí conclui-se com facilidade que esse rio nasce das confluências dos rios Pavuna com o Acari.
O aterro do histórico canal de Pavuna, provocou uma dúvida quanto a posição real da fronteira. O que houve, positivamente, foi o desvio do rio para dentro de uma parte do canal e no futuro ameaça desaparecer os vestígios do velho leito do rio Pavuna, podendo suscitar controvérsias ...
Mas, por enquanto, o que nos desafia, com o seu emaranhado de confusões, é a trilha para atingir mais altos níveis dos fatos históricos.
Vamos tentar demonstrar que as “entradas” pelos vales da Baixada Fluminense, a partir das “barreiras vermelhas” que se estendiam da praia de Boa Viagem ao Gragoatá, cuja sesmaria coube a Antonio de Marins, que desistiu, sendo a mesma doada ao valente Arariboia, estendia-se até ao Meriti correndo pelo extenso semi-círculo da Baía da Guanabara.
As doações feitas no Aguaçu, Guaguaçu, Iguassu ou Iguaçu, de conformidade com a Revista do Instituto Histórico, Tomo 63, livro 4, e Publicações do Arquivo Público V, instruem, dessa maneira, as que foram doadas em 1568 e em 1569.
Brás Cubas, recebeu do Governador, no ano de 1568, aproximadamente 3000 braças de terra de testada pela costa do mar e 9000 de fundos, pelo rio Meriti ou “Miriti”, “correndo pela piassaba da aldeia de Jacotinga” e outras que tocou a Pedro Cuba, com 300 braças de testada e 6000 de fundos nas cabeceiras de Brás.
Mas, Pedro Cubas, desleixou-se e a sua propriedade foi transferida para Antonio Vaz, Manuel da Costa, Antonio Fernandes, Andrade de Araújo e outros.
Há mister, rememorar que a jurisdição do Rio de Janeiro se estendia de Cabo Frio, Serra de Marica, Vila Santo Antônio de Sá de Macacu, rios da Aldeia e Guaxindiba, daí buscando o rio Magé, Serra dos Órgãos, pelo Paquequer, rios Paraíba e Paraibuna, e destes pelos sertões de Itaguaí, fazendo um total de Norte a Sul, de vinte e três léguas e do Oriente a Ocidente de vinte e quatro léguas.
No perímetro compreendido na exposição anterior, é que se formou a maior parte das freguesias, inclusive a de “Iguassu”, “Miriti”, e outras. Essa opinião é apreciada por historiadores renomados e não encontrei razões para desprezar ou modificar a sua substância.
Nas “Memórias Públicas e Econômicas do Rio de Janeiro”, para uso do Vice-rei Luis de Vasconcelos, figuram como elementos que formavam o interior da capitania do Rio de Janeiro, um infinidade de freguesias, e como parte “fora de muros” o que quer dizer, o subúrbio, as abaixo descritas:
- Nossa Senhora de Marapicu (atual Queimados) com 902 habitantes livres e 919 escravos;
- Santo Antonio de Jacutinga (Maxambomba) com 1.402 habitantes livres e 2.138 escravos;
- São João de Meriti (Trairaponga) com 638 habitantes livres e 978 escravos;
- Nossa Senhora da Piedade de Iguassu (Antigo) 963 habitantes livres e 1.219 escravos;
- Nossa Senhora do Pilar (Em Caxias) com 2.007 habitantes livres e 1.868 escravos;
O cômputo geral era de 5.932 habitantes livres e 7.122 escravos. Daí é que se denota que o braço escravo teve fator preponderante nas terras fluminenses. E para efeito de citação, destacamos Meriti ou São João de Meriti, que no alvorecer de sua história tinha o solo regado pelo suor do negro, que Castro Alves imortalizou, em “Navios Negreiros”.
Devemos atinar para a denominação Meriti, que tem conexão perfeita com Duque de Caxias. A pessoa desavisada pode ficar mergulhada num mar de confusões. Podemos adiantar para servir de bússula, que esta região, que se estendia do Oceano Atlântico a Marapicu e Santo Antonio de Jacutinga a Campo Grande e Irajá, teve duas denominações São João Batista, de Trairaponga, e São João Batista, de Meriti.
Mas, voltemos à meada, da qual nos afastamos para melhor ilustrar o nosso ponto de vista. Monsenhor Pizarro, em suas Memórias Históricas do Rio de Janeiro, nos dá notícia de uma população muito maior, no ano de 1795, conforme exaramos abaixo:
Fogos Habs.
Marapicu ............. 170 1.650
Jacutinga ............. 350 3.506
Meriti .................... 216 1.730
Iguassu ou Iguaçu 700 6.142
Pilar ...................... 560 4.000
Encontra-se, assim, nesta encruzilhada dos destinos, quando Pizarro fazia o levantamento da região, uma média de 216 casas e 1.730 habitantes, nas terras onde atualmente fica São João de Meriti. Se fizermos um cômputo geral, então encontraremos 1.996 casas e 17.022 habitantes, número estimável para a época.
As terras da Baixada Fluminense, se desenvolviam de forma considerável, conforme documentos que fortificam esta opinião. Há quem atribua tudo isso a um interesse especial da Coroa, que sentia a premente carência de aferrar o homem branco ao solo, e para conseguir o seu desejo, agraciava essa gente com latifúndios. Dessa forma poderia combater com mais eficiência a penetração dos aventureiros, que sob a tutela de Vilegagnon, queriam fundar no Brasil a França Antártica. E outras não seriam as razões dos que volviam para essas terras, que propiciavam ingresso às Minas Gerais e meio de fortalecer os portugueses conta os piratas de França.
Vamos encontrar, outra estatística, mais elevada, aí pelo meado de 1821, o que cimenta as nossas afirmações:
TOTAL HABITANTES TOTAL
DE FOGOS LIVRES ESCRAVOS HABITANTES
MARAPICU .... 482 1.708 2.494 4.202
JACUTINGA .. 320 1.274 2.426 3.700
MERITI ........... 158 696 1.568 2.264
IGUAÇU .......... 455 1.914 2.253 4.167
PILAR .............. 568 1.958 2.253 4.372
---------------------------------------------------------------------------
TOTAL ............ 1.983 7.550 11.155 18.705
A estatística anterior dispensa longos comentários. É uma demonstração irrefutável do surto de progresso que grassava pela região ainda virgem.
ASPECTOS RELIGIOSOS
Sabe bem viver o que sabe bem orar.
Santo Agostinho
Pelas informações de Monsenhor Pizarro, a Freguesia de Meriti, constituiu-se a terceira e foi erigida em 22-01-1645 e aprovada pelo alvará de 1º. de fevereiro de 1647. Tudo isso de acordo com as que aprovou as de Irajá, Cassarebu e a de Guaxandiba.
Essa freguesia foi criada pelo prelado Antonio Marins Loureiro, no sítio de Trairaponga. Apesar de sua construção ter sido de taipa, resistiu, por muitos anos.
Há no salão de leitura do Instituto Histórico, o Mapa Topográfico do Porto do Rio de Janeiro, feito por Domingos, Capitão da Companhia de Jezu (sic) no ano de 1730, cuja cópia foi oferecida a D. Manuel de Menezes, que o preclaríssimo Conde do Arcos, por Joaquim dos Santos Araújo, no ano de 1776. Neste mapa, apesar de sua descoloração acentuada, tornando-se difícil em exame, ainda se vê, no ponto grafado pela letra “V”, onde se erguia a vetusta capela de Trairaponga.
Esta capela permaneceu ali até princípios de 1661, “época em que foi edificado outro templo à margem do Meriti, para onde se transferiu a pia batismal. Pelas informações obtidas, essa igreja ficava, onde é atalmente a Vila Pedro II. O Altar-Mór dessa igreja por defeito de construção entrou na iminente ruína, e ficou servindo de freguesia interinamente, a Capela de Nossa Senhora da Conceição, que ficava no Porto, em 1708 a 1747.
Mais ou menos nessa época, foi que mudou-se a denominação de São João Batista de Trairaponga para São João de Meriti.
Pelo ano de 1747 o secular missionário Padre Ângelo Siqueira, com a ajuda do povo edificou o templo antigo. Apesar de existir a “ordem de 24 de abril de 1738”, mandando que as despesas corressem por conta da Fazenda Pública, tal não aconteceu.
A nova igreja, teve as seguintes dimensões: 80 palmos de comprido desde a porta principal até ao arco do Cruzeiro; 36 de largura e 44 de altura. A sua Capela Mor, 48 palmos de comprimento, 25 de largo e 28 de altura, onde o páraco padre Estevão Gonçalves de Abreu permitiu que se conservasse o S.S. Sacramento. Conserva 5 altares com o maior.
Entretanto, não encontrei dados concretos da reconstrução da Capela no lugar primitivo. Tudo leva a crer, que não levou-se a efeito a obra.
Foi tudo talvez encenação que esfumou-se nas conjecturas dos favores imperiais.
A freguesia antiga tinha largos horizontes.
São Mateus, atual Nilópolis, fundada por João Álvares Pereira, cuja antiguidade leva a crer seja a disposição testamentária de D. Francisca de ...... registrada no livro de óbitos da Freguesia da Sé, folha 88, e por este documento consta que a Capela estava em uso de Curada. Teve autorização de conservar a pia Batismal em 1788. Na opinião de Matoso Maia o nome de São Mateus, foi uma homenagem dos pais do Padre Matheus, ao santo que lhe emprestou o nome. Este sacerdote foi o primeiro herdeiro de Domingos Machado Homem e de D. Joana Barcellos. Atualmente São Mateus da Central, é uma estação que está situada no 2º. Distrito de São João de Meriti, na Linha Auxiliar. É o que resta das antigas terras, que faziam parte de São Mateus do padre Mateus Machado Homem.
Nossa Senhora da Conceição – Edificada por João Correa Ximenes, no Porto da Freguesia, para onde passou a pia batismal até se reedificar a Matriz, o que ocorreu em 1747. Esta capela foi a que no século passado pertenceu ao Comendador Guerra, no Arraial de Pavuna. A casa grande onde esteve a referida capela, está ainda em perfeitas condições nas imediações da rua Mercúrio com a Variante. Existiu também com o mesmo nome, uma capela no Vilar dos Teles, que pertenceu ao Comendador Telles. Os documentos de sua inauguração, com relação nominal de todos os que ali compareceram, ainda podem ser vistos na fazenda de Alberto Jeremias da Silveira Menezes, descendente do Comendador. Esta, porém, era particular e desapareceu com a demolição da casa grande do Comendador.
Nossa Senhora da Conceição, do Sarapuí – que foi edificada pelo frei Bartolomeu dos Serafins, mas com o título de Senhora do Livramento, de quem falou o Santuário. Esta, sem que encontrasse elementos que me autorizassem, é talvez, uma igreja que ainda hoje existe no município de Caxias.
Nossa Senhora da Ajuda – construída pelo capitão Luis Barcelos Machado, filho de José Barcelos Machado, padroeiro do Convento dos Capuchinhos de Cabo Frio, que teve como fundador Tomé de Sá, em data que não se encontra nos rápidos exames que fiz.
Nossa Senhora de Bonsucesso – que ficava na Covanca ou Cobanca, feita por Manuel Soares, ano de 1727.
NOVOS RUMOS
ESTRADAS DE FERRO E RODAGEM
Quando Iguaçu passou à categoria de Vila, no dia 15 de janeiro de 1833, a freguesia de São João Batista de Meriti, ficou atrelada à sua jurisdição. A Câmara do Rio de Janeiro, promoveu a instalação da Vila de Iguaçu. Nessa ocasião, de acordo com a praxe, formou-se a primeira Câmara Municipal da Baixada da Guanabara com os seguintes edis:
Inácio Antonio de Amaral;
Antonio Ferreira Neves;
Feliciano José de Carvalho;
Francisco Martins Viana;
Domingos Francisco Ramos;
Carlos José Maria Barbosa; e
Bento Antonio Moreira Dias.
Essa foi portanto a primeira Casa do Povo, em que nós tomamos parte na qualidade de distrito.
Apesar de ter assinado o termo do livro número 1, do registro civil do Arraial da Pavuna, João Viana não figura na relação dos vereadores eleitos. Chamo, ainda, atenção para o fato de haver o referido parlamentar assinado como vereador isso no ano de 1832 e Câmara só se reuniu em 27 de junho de 1833.
Dessa forma o novo município passou a figurar com os seguintes distritos:
1º. – Santo Antonio de Jacutinga (sede Maxambomba);
2º. – Marapicu;
3º. – Piedade;
4º. – Meriti;
5º. – Santa Ana da Palmeira; e
6º. – Pilar.
No ano de 1916, pelo decreto 1.331, o deputado Manuel Reis mudou o nome de Maxambomba para Nova Iguaçu, procurando perpetuar o nome da outrora próspera Vila de onde brotou o Município.
Pelo Decreto n. 1.332, do mesmo ano foi denominado 7º. distrito a povoação de São Mateus, que em homenagem a Nilo Peçanha, expressão brilhante da política fluminense, passou a denominar-se Nilópolis, pelo decreto n. 1.705 de 6 de outubro de 1921.
As terras onde se encontra o município de São João de Meriti, teve grande florescimento, após a abertura do Canal de Pavuna, até o meado do Século XIX, quando começou a sua decadência econômica e social. Os cursos fluviais foram obstruídos, pela devastação das matas e formaram tremedais. Aí começou a assolar o impaludismo. As terras em adiantado estado de progresso, foram sendo abandonadas.
Há quem diga que o transbordamento do rio se deu em conseqüência da criação da Estrada de Ferro, o que aterrou vários cursos de rios, acarretando o represamento de suas águas mais para o interior.
O fato é que no ano de 1886 foi inaugurada a linha de ferro The Rio de Janeiro Northen Railway” ligando o Rio de Janeiro à antiga estação de Meriti (atual Duque de Caxias) e a povoação que servia de sede da Freguesia, sofreu um abalo tremendo.
Os habitantes da gleba meritiense, iam aos poucos, abandonando a terra, atraídos pelas facilidades de transportes que a estrada de ferro propiciava. E Meriti (atual Caxias) progredia de forma bombástica, enquanto São João de Meriti, perdia a sua situação privilegiada. Assim se explica o atrofiamento das terras meritienses, que sofreu profundo golpe com a criação do caminho de ferro, na terra de Lima e Silva.
No ano de 1898, com a criação da “Empreza de Melhoramentos do Brasil” São João de Meriti, foi aquinhoado com a “Linha Auxiliar” que atravessou as suas terras e dessa maneira insuflou novas energias, fazendo despertar o fogo do progresso. Muitos dos que haviam ido para Meriti, atual Duque de Caxias abandonando suas propriedades, voltaram para o amanho da terra.
Outro fator preponderante para fazer o soerguimento das terras foi o trabalho mandado executar por Nilo Peçanha: o saneamento da Baixada Fluminense.
Posteriormente veio a abertura da Estrada Rio-Petrópolis que com a marcha dos anos se tornou Automóvel Clube e a zona foi mais desenvolvida. Por ela é que viaturas demandavam para o interior, buscando as regiões montanhosas. Esta estrada foi célebre até alguns anos atrás. Depois, com a criação da nova estrada para Petrópolis, encurtando caminho por Caxias, a antiga, que sulcava as terras da atual rua Amazonas, fazenda do Carrapato, Vilar dos Teles, em demanda da Serra, anemiou-se completamente.
Estas são, em linhas gerais, as mais indispensáveis citações que se pode fazer sobre a região e o seu aspecto geral. Os pontos de mais destaque foram aqui abordados, e salvo qualquer deslize julgamos que atingimos o fim colimado. Pois se outros fatores houverem, sobre nenhum prisma, poderá alterar profundamente o edifício que foi criado para o historiador do porvir.
MERITI – 4º. DISTRITO DE AGUAÇU
A freguesia de Meriti, cuja colonização está diretamente ligada à Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, começou a figurar para o mundo, oficialmente pelo Alvará de 1º. de fevereiro de 1647, com a designação de São João Batista de Trairaponga (de traíra-peixe a araponga-ave) nome que perdurou até a mudança da sede para as margens do rio Meriti de onde se transferiu, por força das circunstâncias, para a zona portuária, na Pavuna, com a denominação de Nossa Senhora da Conceição. No ano de 1774, voltou a sede para o primitivo lugar, com a denominação de São João Batista de Meriti. Ao que estamos informados, não existe prova material que documente a volta da igreja para a foz do Meriti. Como é notório, dali teria ficado em caráter excepcional, na Fazenda do Capitão Salustiano, até que fossem tomadas as medidas de que nos ocupamos em outra parte.
Valendo-me de informações do I.B.G.E. posso enumerar que o decreto n. 1 e 1-A, referem-se a criação do distrito de Meriti no dia 3 de junho de 1892. Compendiando a matéria chegamos a formar o juízo de que o dr. José Tomaz de Porciúncula, querendo dar nova organização municipal a cidade do Rio de Janeiro, organizou o município de Iguaçu com cinco distritos:
1º. – Santo Antonio de Jacutinga (com sede em Maxambomba);
2º. – Marapicu;
3º. – Meriti;
4º. – Santa Ana das Palmeiras; e
5º. – Pilar.
Decorrido alguns anos, pela Lei n. 1634, de 18 de novembro de 1919 foram criados outros distritos com as denominações subseqüentes:
1º. – Nova Iguaçu;
2º. – Marapicu;
3º. – Cava (José Bulhões);
4º. – Arraial de Pavuna ou São João de Meriti (sic);
5º. – Santa Branca;
6º. – Xerém (João Pinto); e
7º. – São Mateus (Engenheiro Neiva, atual Nilópolis).
De conformidade com a organização administrativa de 1933, soma-se Meriti, no município de Nova Iguaçu formando o 4º. distrito com a seguinte nomenclatura:
S E D E:
São João de Meriti: Belford, São Mateus, Tomazinho, Itinga (Éden), Rocha Sobrinho (com a emancipação pertence a Iguaçu) todos na Linha Auxiliar; Vila Rosali, Agostinho Porto, Coelho da Rocha, na Estrada de Ferro Rio Douro.
Dessa maneira Meriti ficou girando em torno de Nova Iguaçu até o ano de 1943, conforme estabelece o decreto-lei n. 392, de 31-03-1938.
Somente com a criação do decreto 1.055 de 31 de dezembro de 1943 confirmado pelo decreto n. 1.056 da mesma data, Meriti passou a figurar no quadro territorial de Duque de Caxias. Ficamos relegados a simples condição de 2º. distrito de Duque de Caxias, mas bem poderíamos ter sido, nessa ocasião, a sede do município que se organizou com a denominação de Duque de Caxias. Mas, como sempre, ficamos paralisados, tontos, sem iniciativa e perdemos essa oportunidade de ouro. Ao que sabemos quem forçou a ida da cabeça do município para o lugar às margens da Leopoldina, foi o deputado Natalício Cavalcante, graças ao comodismo dos nossos munícipes, que na época não vibravam mo atualmente.
PESTE DEVASTOU A BAIXADA FLUMINENSE
No fluir do ano de 1855, o cólera-mórbus avassalou a região iguaçuana e se propagou pelas imediações, como uma tempestade de óbitos. Há citação de que a primeira vítima dessa doença foi o escravo Bento Rodrigues Viana. Logo em seguida o mal tomou proporções alarmantes, e quase todos os que trabalhavam nos serviços fluviais foram acometidos pela violenta epidemia.
Na zona onde está situada a cidade de São João de Meriti, nos engenhos de Cachoeira e São Mateus, ambos de propriedade do visconde do Bonfim, o surto tomou proporções fantasmagóricas. Os senhores de engenho estavam amedrontados, vendo com espanto, que o serviço paralizava e a fome e a miséria, abraçavam sinistramente as regiões contaminadas.
Os gêneros subiam de preços, porque não havia meio de transportes; os engenhos aquietaram-se pela ausência de braços. Em todos os recantos a morte fazia os seus terríveis esgares.
O Imperador mandou que fosse remetido para Iguaçu, muitos víveres, ao preço da Cidade Imperial. Também o dr. Paula Cândido veio para fazer um levantamento da situação que preocupava ao Governo.
O acadêmico de medicina, Luis de Queiros Matoso Maia, que atendeu aos engenhos de Visconde de Bomfim, julga, que nesta parte, foi que a peste tomou maior vulto. Basta examinar que em 15 dias apenas registraram-se 338 casos entre os quais 121 foram fatais.
A Vila de Iguaçu definhava com a inclemência da malária e do impaludismo e com ela Meriti, Jacutinga, Pavuna e outros lugares. O dr. Rodrigo Octávio, que foi juiz municipal, quando Iguaçu já era um fantasma, deixou as seguintes impressões, em seu livro “Coração Aberto”, de que nos dá notícia o historiador Matoso Maia “A Vila se despovoou. Os canais abandonados se atulharam de vegetações e lodo; as águas cresceram e cobriram todos os campos, tornando-os emprestáveis para qualquer cultura e enchendo o ar de miasmas do impaludismo e da opilação, que assolavam a pobre gente que não se pode retirar”.
Essa era a Vila, que tivera esplendor, encontrada pelo Juiz, que assistiu o seu gradativo agonizar. Daí foi que surgiu Maxambomba, que pela Lei n. 1.331 no ano de 1916, por indicação do deputado Manuel Reis, tomou o nome de Nova Iguaçu.
Essas terras contaram com o trabalho benéfico do presidente do Estado, José Tomaz de Porciúncula: o planejamento do serviço da Baixada Fluminense. Motivos, que deixamos de comentar impediram e prosseguimento das obras, que ficaram estacionárias enquanto a desvalorização continuava a imperar nas terras da Guanabara.
Com a subida do imortal Nilo Peçanha ao honroso cargo de Presidente da Nação, por falecimento do dr. Afonso Pena, novas esperanças se desenharam nos horizontes. E o grande estadista, visando também livrar o Rio de Janeiro da sentença que o tocaiava, prestou o indescritível serviço aos fluminenses, atacando com denodo as obras de saneamento das terras da fronteira.
Esse gesto o faz credor da perene gratidão dos fluminenses.
2º. DISTRITO DE DUQUE DE CAXIAS
Com a promoção de Duque de Caxias à condição de município independente, começou a fermentar em Vila Meriti, os primeiros sonhos de emancipação da terra que tem tanta tradição e que nos áureos tempos do Império já serviu de sede da Freguesia a toda vasta região. Citaremos para que fique gravado no mármore da história os nomes de Rufino Gomes Júnior, Amdeu Lanziloti, Silvio Gourlart, Dr. José Basílio da Silva, Antonio Xavier Soares Manso, Joaquim Baptista Linhares, Antonio Telles, que foram dar com os costados no extinto Tribunal de Segurança, acusados pelo então prefeito Ricardo Xavier da Silveira de concitarem os munícipes a não pagar impostos. Posteriormente, foram absolvidos, por absoluta falta de provas.
Mas continuou o sonho de libertação. Os espíritos mais atilados, não se conformavam com a escravização de nossa vida ao município de Caxias. Há quem afirme que a nossa arrecadação era considerável, igualando a de Caxias, que estava apenas se fortalecendo com os fundos arrecadados. De todos os prefeitos o que mais operou em Meriti, foi o dr. Sebastião de Arruda Negreiros. Esse destaque é um direito². Depois veio o dr. José dos Campos Manhães, que fez a chamada “política da água”, posta nas residências.
Nesta altura, foi criado no 2º. Distrito de Caxias a Sociedade dos Amigos do 2º. Distrito, que teve como presidente o dr. Alberto Jeremias e na vice presidência o dinâmico Domingos Correa da Costa. Informa o secretário da sociedade, Osvaldo Coelho de Castro, que muito falou nas assembléias, sobre a emancipação de São João de Meriti. Esta Associação trabalhou muito. Depois foi minada pela política e dela se afastou Domingos Correa da Costa, tendo a mesma desaparecido.
A violência empregada contra os sonhadores da nossa libertação, não conseguiu esmorecer o ânimo desse pugilo de bravos. Os idealizadores estavam com o propósito granítico de materializar essa utopia. Houve entre eles, os que desertaram, julgando que a tarefa se consubstanciava numa erupção visionária. Mas os formadores de nossa independência, eram homens feitos de bronze, e não poderiam jamais alquebrarem-se ante os impactos dos elementos retrógados.
Atualmente, se fossemos consultar os que eram desfavoráveis a idéia da emancipação, chegaríamos à conclusão de que esse empreendimento jamais contou com sentimentos aversivos.
Hoje, todos os que foram contrários a emancipação de Meriti, vestem a couraça dos cavaleiros libertadores, que pugnaram pela vitória da causa meritiense.
Mas, a verdade nua e crua, é que pela lei estadual n. 6, de 11 de agosto de 1947, que regulou o artigo 6 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, promulgado em 20 de junho de 1947, o 2º. Distrito de Caxias, passou a constituir um novo município com a denominação de São João de Meriti. Por efeito da mesma Lei, foram criados os distritos de Coelho da Rocha e São Mateus.
A instalação do Município se deu no dia 21 de agosto, quando tomou posse, como prefeito interino, o médico dr. Aníbal Viriato de Azevedo, homem que deu provas de não ser grande político, mas pessoa de caráter ilibado, sincero e acatado.
² Dr. Sebastião de Arruda Negreiros, ex-prefeito de Nova Iguaçu, teve a primazia de trazer para São João de Meriti, a luz e a água, grandes melhoramentos para a sua época.
PODER LEGISLATIVO
A liberade é o pão que os povos tem de ganhar com o suor do rosto.
(Lamennais)
A primeira Câmara Municipal de São João de Meriti, de 1947 a 1951, constitui-se assim:
- Luis de Araújo Mattos;
- Otacílio Gonçalves da Silva;
- Ernane Fiori;
- Dr. Cristóvão Correa Berbereia;
- Hilkias Marinho Nunes;
- Carmen Bastos;
- Moisés Henrique dos Santos;
- Gumercindo Clemente Pereira;
- Waldinar Marques Castanheira;
- Élson Costa;
- Sebastião de Azambuja Ribeiro;
- Marciano Fernandes de Lima; e
- Miguel Arcanjo de Medeiros.
Atuaram os seguintes suplentes:
- Djalma Camorim;
- Osvaldo Coelho de Castro;
- Pedro Etelvino;
- Luis Santana; e
- Danta Joubert Barreto.
Neste período legislativo foi cassado de maneira discutível o mandato do edil Sebastião de Azambuja Ribeiro. O motivo teria sido o seguinte: O vereador em pauta, teria recebido vencimentos pelo Instituto de Resseguros, como motorista contratado. E o Partido Trabalhista Brasileiro, foi solidário com a medida, alegando perda de mandato para o seu representante de acordo como o que instrui o artigo 92 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, combinado com o texto da Lei Orgânica, em seu artigo 24.
Transcrevemos no tópico inferior o texto do documento que serviu de base para o afastamento do edil Sebastião Azambuja Ribeiro, que era, nessa altura, ferrenho adversário do médico iguaçuano, José dos Campos Manhães, prefeito de Meriti.
Certifico, para os devidos fins, que o motorista contratado, Sebastião de Azambuja Ribeiro, percebeu deste Instituto nos meses de outubro, novembro e dezembro de mil novecentos q quarenta e sete e janeiro e fevereiro de 1948 os vencimentos mensais de Cr$ 1.660,00 (hum mil e seiscentos cruzeiros).
Rio de Janeiro, em 5 de abril de 1948
João Mendonça de Lima.
O referido edil impetrou mandato de segurança que teve despacho contrário dado pelo egrégio Tribunal Regional Eleitoral. Votaram contra a pretensão do edil petebista os juízes: Macedo Soares, Flávio Fróes, Eduardo Gonçalves, Severo Bomfim e Rodolfo Macedo.
Defendeu o mandato de Sebastião Azambuja, o deputado Natalício Tenório Cavalcante, que não conseguiu convencer os juizes, dado aos documentos apresentados contra o seu constituinte.
Apesar da celeuma política, criada em torno do rumoroso caso, o P.T.B., não modificou a sua posição. Permaneceu impassível diante da situação de seu representante. Foi, por assim dizer, um dos principais algozes do parlamentar meritiense e o seu presidente colocou-se inteiramente ao lado da situação municipal.
O senhor Noeli Santiago Marçal, satisfeito com os resultados, mandou, para substituir na Câmara Municipal, ao Vereador Sebastião, o suplente Djalma Camorim, que se revelou bom político, agindo de conformidade com os interesses da presidência petebista.
O patrono de Sebastião Azambuja, o então deputado estadual, Natalício Tenório Cavalcante, homem resoluto não se convenceu com a decisão da Justiça Eleitoral e nem esmoreceu diante dos insucessos. Preparou novas peças jurídicas e voltou à carga conseguindo melhorar a posição de seu constituinte.
Dessa maneira, o juiz de Itaverá, que funcionou também no caso deu parecer favorável e o vereador ainda voltou ao recinto da Câmara Municipal. Foi empossado pelo então presidente, Ernane Fiore, que preparou uma bonita recepção comemorativa do acontecimento.
Todavia os suplentes impetraram mandato de segurança e o vereador novamente foi afastado.
Conta-se que para não receber os oficiais de justiça o presidente Ernane Fiore, passou vários dias sem comparecer à Câmara Municipal.
O caso, então, tomou o rumo da Justiça Ordinária e o edil teve ganho de causa, mas depois de haver expirado aquele período legislativo.
À luz da verdade, foi injusta a cassação.
Alcançou também muito reboliço o conflito ocorrido em Agostinho Porto, entre facções do prefeito e a Oposição. Nessa refrega estavam envolvidos os vereadores Élson Costa, Otacílio Gonçalves da Silva, o político Alberto da Rocha Possa e o comerciante Artur Costa. As razões desse conflito são muito controvertidas e, por isso, faço abstenção de entrar em detalhes. A verdade, entretanto, é que, a padaria Nice, situada na rua da Matriz, foi invadida por um grupo armado e deu-se um violento tiroteio. Entre os feridos apareceu o senhor Alberto Possa e Wilson de Oliveira.
O delegado Amil Richaid, abriu rigorso inquérito, mas, nada de positivo ficou apurado.
Fala-se que a violência, tinha como objetivo, interesses da U.D.N. local, colimando fazer Maioria da Câmara Municipal.
Alberto da Rocha Possa, que depois, conseguiu ser vereador e prefeito interino, até hoje ainda tem um defeito físico, produzido pelo ferimento recebido nesta ocasião. Quanto a Wilson de Oliveira, não reside mais no Município e consta que era um simples visitante, que estava em Agostinho Porto, de passagem. Outros porém, afirmam que o Wilson fazia parte da polícia secreta de Alberto Possa, sob a “custódia de Caxias”.
Um fato que destaca muito a primeira Câmara Municipal, das demais, é que ela não aumentou os seus subsídios, enquanto as seguintes fizeram sucessivos aumentos.
Outro período, 1951 a 1955 formado com os resultados das eleições suplementares de 1952, o povo mandou para o Legislativo Meritiense, os seguintes edis:
- Carlos Elias Daher;
- Oswaldo Marcondes de Medeiros;
- Prescilina Muniz da Rosa;
- Alberto Rocha Possa;
- Osvaldo Teixeira, substituído em 1954 por Marciano Fernandes de Lima, em virtude de desistência;
- Sara Martins Fontes D’Ávila;
- Antonieta Colluci Médici;
- Lafaiete Ferreira;
- Moacir de Lima;
- Gumercindo Clemente Pereira;
- Waldemiro Proença Ribeiro;
- Manoel Borges da Silva Valentino;
- Ivan Lopes;
- Plácido de Figueiredo, e
- Armando de Oliveira.
Com o falecimento do edil Armando de Oliveira, assumiu a sua cadeira o suplente João Alves Martins, que tombou sem vida, após uma refrega com seu colega Osvaldo Marcondes de Medeiros, fato de triste memória, para a história política do Município.
Este grande erro ficará gravado; a posteridade julgará melhor. O caso poderia ter sido evitado se o senhor Osvaldo Marcondes, fosse mais comedido, e tivesse colocado a sua paixão pessoal à margem para considerar meramente o aspecto político e as suas facetas. Esse crime chocou profundamente a família meritiense, que via no morto um homem bom e no assassino um cidadão honesto. Foram dadas diversas versões ao crime, que foi a maior mancha de todo aquele período legislativo. A sua maior causa foi a intriga soprada por indivíduos maus.
Novamente tomou lugar na Câmara Municipal o suplente Elpídio Esteves Sales, que ostentou seu mandato até o fim daquele período legislativo.
Neste quadriênio teve lugar também o passamento do senhor Carlos Fraga, político da terra, que militou durante muitos anos nas fileiras do Partido Republicano.
Após as eleições de 1950 houve um grande número de urnas que foram anuladas. Dessa anulação, alías, sobreveio a carência de uma eleição suplementar, que ficaria a cargo do T.R.E. marcar, como de direito e após julgamento de todos os recursos, uma nova eleição. Os candidatos mais em evidência, nesse período, eram Miguel Arcanjo de Medeiros, pela U.D.N. e Virgílio de Azambuja Monteiro, pela coligação P.T.B. P.S.D.
E as coisas ficaram indecifráveis enquanto se aguardava a decisão final da Justiça Eleitoral.
Como era de direito, aliás, assumiu a prefeitura o vereador Plácido de Figueiredo, que governou o município no período de um ano. O seu governo foi equilibrado. Revelou-se homem de visão, honesto e trabalhador.
Logo depois, subiu as escadas da prefeitura municipal o edil Osvaldo Marcondes Medeiros que teve como seu sucessor, Alberto da Rocha Possa.
Nesta encruzilhada onde ardia a fogueira política feriu-se as eleições suplementares, saindo vitorioso o comerciante Miguel Arcanjo de Medeiros, homem simples e estimado.
O seu governo foi o mais atribulado possível. Preliminarmente, teve uma boa aparência, mas tudo isso se transformou em confusões políticas, que colimou com a grande crise que abalou o Estado do Rio, no chamado caso do “assalto à prefeitura”.
Aí, por instruções de Agenor Barcelos Feio, Secretário de Segurança, que nessas alturas teria violado frontalmente a Constituição, teve lugar o assalto à Prefeitura, como apoio de toda a Câmara e do deputado Lucas de Andrade.*
* Comentam os envolvidos na questão, que o Coronel Agenor Barcelos Feio, patrocinou a realização das eleições suplementares, mediante a promessa de que Miguel Arcanjo de Medeiros, ficaria leal as suas diretrizes políticas. Entretanto, depois de eleito, o prefeito municipal de forma menos digna, desfez o acordo de honra. Os amigos ficaram exaltados e a posição do prefeito deposto, seria outra muito pior, não fosse o crime praticado contra Albino Imparato, em Duque de Caxias.
Assumiu a governança do município o vereador Elpídio Esteves Salles, que ficou poucos dias no poder pois retornou por decisão legislativa, o prefeito Miguel Arcanjo de Medeiros.
Apesar da grave denúncia, feito contra o prefeito ele, ainda se conservou à testa do Executivo, mas sem autoridade e completamente acéfalo. Foi um verdadeiro desastre, sobretudo para um homem, que era a esperança de todos.
Vendo-se sozinho, sem elementos capazes para continuar a sua administração, o prefeito Miguel de Medeiros chocado em sua vaidade renunciou o cargo, tendo assumido o edil Waldemiro Proença Ribeiro, político experimentado, até a posse de Domingos Correa da Costa, que se deu no dia 1 de janeiro de 1955.
O prefeito interino não compareceu para a cerimônia da passagem do cargo.
E dessa maneira terminou a dança que vinha fazendo de Meriti, uma espécie de Cidade dos escândalos políticos.
No período compreendido entre 1951 até as eleições suplementares de 1952, deu-se o mais movimentado caso da época.
Era prefeito interino o vereador Plácido de Figueiredo, que deveria deixar o cargo, para que o mesmo fosse assumido pelo então presidente eleito o edil Gumercindo Pereira.
Assumia nessa “transitoriedade contínua”, as funções de prefeito por 24 horas, o senhor Ario Theodoro, para que o vereador Plácido de Figueiredo comparecesse à Câmara Municipal a-fim-de exercer o direito do voto.
Nessa maré política, onde tudo acontecia, a Minoria, num rasgo de audácia, fez prevalecer o seu candidato, Osvaldo Marcondes Medeiros, que assumiu o cargo em detrimento do candidato Maioritário.
Nessa mágica inconcebível, se me permitem o pleonasmo, deu causa a uma cisão na Câmara Municipal, que ficou dividida em duas: a legal e a ilegal, conforme eles mesmo classificavam.
Criou-se um termo pitoresco para denominar a Câmara que se formou pela convocação de suplentes, que era, aliás “Câmara Foleada a Ouro”.
Formavam entre os que se julgavam legais: Antonieta Coluci Médici, Armando de Oliveira, Lafaiete Ferreira, Alberto Rocha Possa, Carlos Elias Daher, Manoel B. S. Valentino, Presciliana Muniz da Rosa e Gumercino Pereira.
Esses se reuniam no local em que está situada a Clínica, na rua da Matriz, n. 167, então diretório da U.D.N., e a outra no recinto da própria Câmara, com a minoria composta de 7 restantes.
Formava a minoria, que se chamou ilegal: Ivan Lopes, Sara Marins Fontes D`Ávila, Osvaldo Teixeira, Waldomiro Proença Ribeiro, Plácido Figueiredo, Moacir Lima e Osvaldo Marcondes.
Baseava-se a minoria no fato de ter a maioria dado número para as votações.
A questão foi solucionada pela Assembléia Estadual Fluminense.
A terceira Câmara Municipal (1955 a 1959), funciona dentro da perfeita harmonia, revelando sempre está possuída de um melhor cabedal político, pois possue três acadêmicos de direito, e vários políticos experientes.
C O N S T I T U I Ç Ã O
- Ely Salim Razuck (acadêmico);
- José de Amorim (acadêmico);
- Marciano Fernandes Lima (político da velha guarda);
- Waldemiro Proença Ribeiro (reeleito);
- Jorge Assia Tanus Bedran (acadêmico);
- Manoel Borges da Silva Valentino (reeleito);
- Sara Marins Fontes D’Ávila (reeleito);
- Álvaro Evaristo (funcionário municipal);
- Manuel de Oliveira (funcionário público);
- Manuel Coelho do Álamo (estivador);
- Ivan Lopes (publicitário0;
- Pedro Duarte dos Santos (oficial de polícia);
- José da Costa França(funcionário estadual);
- Manuel de Andrade Ferreira (proprietário);
- Valdílio Vilas Boas (funcionário municipal);
- Waldonier de Souza e Silva (funcionário municipal);
- Luis Marques do Nascimento (comerciante);
- Jair Teixeira de Barros (suplentes):
-João Miguel
- Dulcimar Garcia;
- Álvaro Rodrigues;
- Ernane Carrilo e Hildebrando Longo.
Como ficou esclarecido nas preliminares deste capítulo, os edis mostram-se possuídos de espírito público. Haja vista que nesta legislatura já se conta também com a experiência da Presidência da Mesa, onde o acadêmico de direito, Ely Rasuck, vem se conduzindo com muito acerto. É um vereador estimado e que reúne sempre as simpatias de seus pares.
I N F O R M A Ç Õ E S
Aspectos físicos: Área de 33 k2 (1958) é do ponto de vista territorial um dos menores do Estado do Rio de Janeiro, só lhes sendo inferior Nilópolis.
População: 120.000 habitantes (estimativa para 1958). O recenseamento de 1950 acusou uma soma de 60.000 habitantes. Mas, o seu povoamento é assombroso, considerando que se enquadra no conceito de Williamson, isto é, “cidade de dormir”.
Aspectos Urbanos: 1 hotel, 65 telefones (2000 para mil novecentos e cinquenta e nove), 15 cinemas e 1 teatro.
Assistência Médica: 1 moderno hospital com 84 leitos; várias clínicas particulares. Serviço de Pronto Socorro e Legião Brasileira de Assistência.
Aspectos Culturais: 54 grupos escolares municipais e 2 estaduais; 2 estabelecimento de ensino secundário; 2 artísticos; Uma rádio emissora (em organização) e 1 jornal.
Orçamento Municipal: 40 milhões de cruzeiros.
Representação política: 17 vereadores em exercício.
Estabelecimentos de Créditos: há na sede do Município uma agência da Caixa Econômica Federal, 1 agência do Banco Predial do Estado do Rio de Janeiro, 1 do Banco Nacional de Minas Gerais e 1 do Banco da Lavoura.
Meios de Transporte: Estradas de Ferro Rio Douro e Linha Auxiliar, tração vapor e elétrico respectivamente. E pela Rodovia Presidente Dutra, pelo ônibus da Viação Meriti.
Edifícios principais: Hospital de Caridade, considerado o mais perfeito da Baixada da Guanabara, fundado em 1956; Grupo Escolar Murilo Braga, Grupo Escolar Rubens Farrula, Palácio do Comércio, Prefeitura Municipal e Fórum (os três últimos não tem edifícios próprios)
Assistência Sanitária – O Estado mantem um posto de higiene na sede do Município. Há também o serviços de endemias rurais.
Pontos de acesso: Estação Francisco Sá e Estação Pedro II (elétricos e a vapor); ponto de ônibus na Praça Mauá; ponto de micro ônibus em Cascadura; ponto de ônibus da Praça Tiradentes e nas cidades de Nova Iguaçu, Nilópolis e Duque de Caxias.
Sede do Município: Está situada na parte meridional, ponto em que funciona, Prefeitura, Câmara, e o Fórum.
Vias de acessos – Rodovia Presidente Dutra, que atravessa o Município em sua parte Norte-Sudeste, uma das mais modernas do Brasil; a Automóvel Clube que liga o Município com a Zona Norte da Capital do País; a Estrada de Ferro Central do Brasil, que corta o Município em dois sentidos: Sudoeste, para São Mateus e direção Sul-Norte com a Rio Douro.
Limites antigos: - Ao Norte: Santo Antonio de Jacutinga; ao Sul, Irajá e Campo Grande; ao Leste, Baia da Guanabara e a Oeste, Campo Grande.
Limites atuais: Ao Norte, Nova Iguaçu; ao Sul, Distrito Federal; ao Leste, Duque de Caxias e a Oeste, Nilópolis.
Pontos referenciais: Limita-se com Nilópolis, começando pela linha de transmissão da Companhia Luz e Força do Rio de Janeiro, até encontrar o Sarapuí; com Nova Iguaçu, começa no Sarapuí, onde este é cortado pelo cabo de transmissão da Cia. Luz e Força do Rio de Janeiro e sobe o Sarapuí até ao ponto em que o rio é cortado, pela segunda vez, pelo fio da Cia. Luz e Força do Rio de Janeiro na confluência da segunda linha; com Duque de Caxias, começa no Sarapuí onde ele é cortado pelo fio da Carris Luz e Força do Rio de Janeiro até o limite com o Distrito Federal.
Limites distritais: * O primeiro distrito limita-se com o Distrito Federal pelo rio Pavuna, leito antigo, prestes a desaparecer depois que deixa a ponte pela parte mais Ocidental; com o segundo pelos eixos das ruas Albertina, Siqueira Campos, Miguel Jasku, Eluar Arruda, Lucinda e Estrada de Minas atual Getúlio Moura; com o terceiro distrito pelo eixo das ruas Maria Gama, Eurico de Oliveira e com o Município de Duque de Caxias, pela antiga linha inter-distrital. O segundo distrito faz limites com o primeiro pelo eixo da rua Bernardino e Eurico de Oliveira; com o segundo eixo da rua Maria Gama; com Nilópolis pela linha do fio de transmissão da Carris Luz e Força; com Nova Iguaçu pelo canal de Sarapuí e com Duque de Caxias pela linha inter-distrital.
* Positivamente as fronteiras do Município estão viciadas, pelo lado da orla com o Distrito Federal. As autoridades municipais, tem descuidado do problema, que ainda ficará muito caro no futuro, quando iremos pagar o preço de nossa indiferença. O autor, já moveu várias campanhas jornalísticas no “Correio Fluminense”, sem êxito. Mas ainda há esperanças.
Latitude: S-22º 49’10”. Longitude, W-gr-43º22’11” – Altitude 7 m em linha reta a Capital e 27 km. Rumo (em relação a Capital): ONO.
Relevo do solo, clima e outras minúcias: - O território de São João de Meriti, está situado na Baixada da Guanabara, mostra-se levemente ondulado tendo como ponto mais alto o morro da Carioca, com 163 m de elevação. O seu clima é quente, húmido e muito escassamente se manifestam casos de febre malária ou surtos tifóide. As terras são talhadas por rios, córregos e canais, todos pequenos, sobressaindo-se o Pavuna que entra pela zona Oeste do município, passa por São Mateus com a denominação de rio do Pau, por consagração popular, tão somente, para mudar essa denominação quando recebe as águas do Acari, o que se dá na altura da Praça 12 da Vila Pedro II, onde atualmente existe a Cia. de Terrenos Rio-São Paulo. Daí corre com a denominação de Meriti até desaguar na Ponto do Lagarto, defronte a Ilha de Saravatá, perto da Estrada de Porto Velho, no Distrito Federal. Esportes: Possui uma Liga de Desportos, com mais de 20 clubes filiados. Os principais times de futebol, são: Olarias, Fazenda e São Pedro, que possuem estádios fechados. No Basquetebol, existem o São Luis e o Éden dotados de boas quadras. Existe também a Academia Luvas e Murros, e outra de Luta Livre. O fundador da Liga de Desportos, foi Emanuel Santos Soares, João Alves Martins, Manuel Torraca, Joaquim Freire da Costa, W. Santos, Osvaldo Marcondes, Alberto Costa, Sebastião Azambuja e outros.
Companhia Telefônica Meriti: atualmente está sendo organizada pelo sistema de auto-financiamento, esta campanhia que irá resolver o problema da comunicação telefônica, que apesar dos ingentes progressos, ainda está precaríssimo. O presidente desta organização é o senhor Mário Martins de Lima, homem trabalhador e progressista.
Assistência Médica – O dinâmico prefeito Domingos Correa da Costa, teve a coragem de inaugurar um hospital, que há muito estava com suas obras paralisadas. Possui este moderno mosocômio, ambulância, serviços de raio X, pronto socorro, e tem capacidade para 84 leitos. É, do ponto de vista técnico, o mais completo da Baixada da Guanabara. Pode-se afiançar que é a obra de maior necessidade, que veio preencher um claro muito grande. A sua mordomia é composta de homens de responsabilidade, figurando Getúlio Barbosa de Moura, Cristóvão Correa Berbereia, Aníbal Veriato de Azevedo, Oscar Pimenta Soares, Hilquias Marinho Nunes, Arlindo da Rosa Mancebo, Alberto Geremias da Silveira Menezes, Belmiro Rodrigues, Alzira dos Santos, Emanuel dos Santos Soares, Domingos Correa da Costa, Otacílio Gonçalves da Silva. O balanço do período de janeiro a dezembro de 1957 importou em Cr$ 3.515.204,10.
Prefeitos: o primeiro prefeito foi Dr. Aníbal Viriato de Azevedo; o segundo Dr. José dos Campos Manhães, que governou até o fim de seu mandato. Com as piruetas políticas, veio Prof. Plácido Figueiredo; Osvaldo Marcondes de Medeiros, Alberto Rocha Possa; Miguel Arcanjo de Medeiros; Elpídio Sales; Miguel Arcanjo de Medeiros, Waldemiro Proença Ribeiro e por fim Domingos Correa da Costa. Como se pode notar o quadriênio de 1951 a 1955, pode ser chamado de ‘balanço das horas”. Pois nele tivemos nada menos de 7 prefeitos em curto espaço de tempo.
NOTAS SOLTAS
O primeiro cartório de Meriti foi de Inácio de Souza Pimenta, no ano de 1832, que funcionava então em Pavuna. A seguir tivemos: João de Alvarenga Cintra, Raul Romeu de Faria, João Bitencourt Filho, Hermógenes de Oliveira Fontes, Oldemar de Oliveira, Pompeu da Costa Soares e Áurea Lopes do Nascimento.
O primeiro escrivão do registro de nascimento foi João Pedro Xavier de Salles, que fez o primeiro registro de Mariana Luiza de Souza, em 18 de janeiro de 1889. Funcionou como primeiro secretário Francisco Soares de Souza.
O Esmeraldo Futebol Clube foi fundado por Valério Villas Boas, sendo o mais antigo time de tutebol de Meriti. O seu campo ficava no quarteirão formado pelas ruas D. Lara, Antonio Telles e linha Rio D’Ouro. Desalojado daí foi para a Vila Esmeralda, na atual Valério Vilas Boas antiga Azuil de onde saiu para o campo que ficava à margem da Linha Auxiliar, de fronte a estação nova, da E.F.C.B.
A rua Nossa Senhora das Graças, antiga Tavares Guerra, teve as honras de ser pavimentada em primeiro lugar. Depois veio a rua da Matriz, no trecho da Linha Auxiliar até a esquina da Expedicionários, antiga Dona Chiquinha.
O cinema que apareceu preliminarmente, foi um construído de bambu, na rua dr. Arruda Negreiros, nos fundos da velha delegacia, no quarteirão, que confronta com a antiga estação da Central, lado esquerdo de quem vem de Pavuna. Daí surgiu o Recreio, fundado em 1926, defronte da praça da Bandeira, onde está a filial das Casas Pernambucanas ... Teve como pianista D. Márcia Diniz de Brito e o Prof. Getulio de Andrade.
O Rancho Carnavalesco mais antigo, foi o “Caçadores da Montanha, mas há quem diga ter sido o Cordão da Mocidade, de São Mateus. Depois apareceu o “Floresta Abandonada”, de Waldomiro Proença. “Rosa de Ouro”, “Cordão Encarnado”, e o mais famoso de todos que foi o “Rancho Fundo”, de Ernane Maldonado. A sua sede é o berço da Associação Comercial.
***
Citaremos ainda a banda conhecida como “Charanga” que foi fundada em 1929 pelo músico Antonio Laranjeira e até hoje ainda resiste ao tempo.
A Associação Comercial de São João de Meriti, foi fundada em 1-3-1939, pelo conhecido comerciante Antonio Teixeira Pinto, o Cabiúna, e teve como seu primeiro presidente a figura estimada de dr. Cristóvão Correa Berbereia. Apesar de ter tido em sua presidência figuras brilhantes o que mais se destacou pelos relevantes serviços prestas às Classes Produtoras e ao Município, foi a pessoa de Mario Martins Lima, que inclusive construiu o Palácio do Comércio. Esta obra é um dos maiores empreendimentos, dignos de ser imitado pelos que lideram os destinos das Classes Produtoras. Sem o pulso firme de Mário Martins de Lima, jamais seria possível materializar um sonho dessa envergadura.
Vale memorar o nome de Eliseu de Alvarenga Freire, que no de 1927, foi eleito vereador, pelo 4°distrito, na chapa do partido Radical.
Luiz da Hora, que também ocupou uma cadeira de vereador, pelo Partido Radical, isso no ano de 1936. Quando também, mandamos para a Câmara de Iguaçu, dr. Cristóvão Correa Bebereia, que já naqueles tempos recuados residia na mesma casa da rua Ipiranga, na estação de Engenheiro Belford. O senhor Manuel de Alvarenga Ribeiro, também vereador teve o seu mandato cassado por falta de comparecimento às reuniões.
Militavam na política, entre outros, Alfredo Peri, Carlos Fraga, que também foi vereador, Antonio Augusto da Silva, que não tiveram grande expressão.
Os mais célebres edis daquele tempo foram Murilo Esteves da Costa, Getúlio Barbosa de Moura, José dos Campos Manhães, Natalício Tenório Cavalcante, Sebastião Herculano de Matos, Mario França, Alberto Soares de Souza Mello, e José Lopes da Costa.
É fácil notar, também, que o dr. Getúlio de Moura, naquele tempo começava a sua vida na política. Era ainda um homem pobre, sem os requintes dos dias de hoje. Subiu vagarosa e firmemente todos os degraus da vida pública. Homem sóbrio, de simples ferroviário, atingiu aos píncaros. Do mesmo jeito aconteceu com Natalício Tenório Cavalcante, de que há quem diga, ter sido feitor, antes de ser fiscal de agências da prefeitura. Tenório, de quem se tem escrito rios de coisas, é um homem que subiu sofrendo. Merece o apreço dos homens pobres, como o seu antigo e sincero adversário político, Getúlio de Moura.
Por incrível que pareça, Domingos Correa da Costa, também veio do nada. Isso vai aqui tão somente a título de ilustração. Já que ele é uma figura central na política atual. No meu sentir, o que nasceu de pais mais ou menos rico foi dr. José Manhães Filho e Walter Arruda, que até hoje ostentam posição invejável na sociedade.
O político mais influente ai por voltas de 1919 era o deputado Manuel Reis, cujo declínio se deu com a ascensão dos valores novos e outro político da velha guarda foi o dr. Sebastião Arruda Negreiros, ex-prefeito iguaçuano, que ainda é atualmente, muito aplaudido.
Pelas informações obtidas, a mais antiga professora municipal foi a senhora Amélia Plalon de Carvalho, que deu aulas a dr. Mauro Arruda, que atualmente é ortopedista de nomeada. Em segundo plano vem Dona Alzira Santos e Dona Gesuina Maciel com vários anos de magistério.
O desbravador de S. Mateus nos velhos tempos, foi Julio Campos, homem pobre, mas de boas qualidades. Em Agostinho Porto, citaremos o nome de Cândido Maia e na Vila Tiradentes, Francisco Pantaleão Dias.
Para efeito apenas de registro, houve uma época em que não havia xadrez propriamente dito em Meriti. Neste tempo era delegado, o dr. Sebastião de Arruda Negreiros. Como tivesse ocorrido um fato grave, várias pessoas de destaque na ocasião foram presas em vagão na Central do Brasil. Os antigos devem recordar com mais precisão desta ocorrência.
Existiu na política local um nome que pouca gente recorda. Trata-se do dr. Renato Baldas, um velho dentista, que exercia a sua clínica na rua São Pedro. Outro também que desapareceu, há alguns anos atrás vítima de um colapso cardíaco, foi dr. Manuel Campos, que militou na política, embora palidamente.
Lembramos aqui o Coronel José Antonio Carvalho, padrinho de Antonio Teixeira Pinto (Cabiúna). Álvaro Proença Ribeiro, Mário Bastos, Coronel Bento Rodrigues, Comendador Nunes, que tinha um genro chamado Conde Pombeiros, homem que vivia oculto atrás do título que ostentava.
***
O rio Pavuna, pelo exame feito em uma planta da Companhia Melhoramentos de São Paulo, Mapa Falk, nasce com a denominação de rio do Pau. Mas quando atinge o centro de gravidade da linha da Estrada de Ferro Central do Brasil, estação de Anchieta, entre as Estradas Tasso Fragoso e Nazaré muda essa nomenclatura para a de rio Pavuna, correndo assim até atingir a praça 12, da Vila Pedro II, onde recebendo as águas do Acari, toma o nome de rio Meriti até a Guanabara.
Há outra opinião, antiga, porém, que se fundamenta nos seguintes termos: - “O rio Pavuna que divide Meriti com Irajá, pelo Sul, nasce na Serra, mas em charcos entre Retiro e Jerixinó. Da origem a ponte tem o nome de Pavuna daí por diante o de São João, por causa da Matriz até encontrar o “Meriti”, o que se verifica conforme exposição anterior.”
A função de quem faz um livro desapaixonado é registrar o que encontra. Aí estão as duas opiniões, os leitores devem tomar ciência de ambas, pois nada disso altera o curso natural das coisas. O fato que devo acrescer, é que essa denominação de rio São João, está redondamente esquecida. E que o povo confunde frontalmente rio do Pau com Pavuna e Meriti.
De conformidade com o Anuário Geográfico do Estado do Rio, do ano de 1954, o Rio ou Canal Sarapuí, tributário da Guanabara, que é também chamado Guimbu, nasce da junção dos rios Bangu e do Cachoeira, e banha os municípios de Nilópolis, Nova Iguaçu, Meriti e Duque de Caxias.
***
Quero registrar que chegou às minhas mãos um exemplar de “Tribuna Fluminense”, que indica Lucas Figueira como o mentor da emancipação de São João de Meriti. Como, também, há declarações de Caetana Regis Batista, Eliazar Rosa e Castro Vieira. Mas, outros apontam o deputado José dos Campos Manhães, como o concretizador dos acontecimentos, coisa que não parece muito viável. Tudo leva a crer, seja Lucas mesmo, o autor.
A exigüidade de tempo me impede consultar os Anaes da Assembléia.
***
O atual prefeito Domingos Correa da Costa, aventou a idéia de criar o 4ºdistrito, com as demarcações contidas no projeto do A. C. C. F. Mas, apesar de existir uma planta, com todos os limites, não logrou aprovação, pelo menos, até ao presente momento.
Também o 1º distrito sofreu profundas alterações, com a Resolução nº 846 de 25 de setembro de 1957. Este é outro registro feito posteriormente, ao que menciona o I.B.G.E. Esta alteração foi aprovada pela Assembléia e publicado em 12 de outubro de 1957. Dessa maneira o 1º distrito se completa pelo eixo das ruas Bernardino, Eurico de Oliveira, Av. Pernambucana, até o encontro com a Rodovia Presidente Dutra, daí pela rua 27 até a rua 23, seguindo por esta até o encontro da Travessa Congo daí pela José Bonifácio até o encontro com a Av. Automóvel Clube e por esta até ao Canal de Sarapuí.
ORIGEM DO NOME
Segundo vários autores versados na matéria, Meriti é corruptela do nome de uma palmeira conhecida pelos indígenas por “burity”.
Em verdade, não existe a afirmação categórica por parte dos autores que Meriti seja uma corruptela, admitem, apenas, a possibilidade.
Um dos mais recentes trabalhos, de autoria de José Mattoso Maia, que é incontestavelmente, um historiador de nomeada, escrevendo no ano de 1933, por incumbência do Dr. Sebastião de Arrua Negreiros, “Memória da Fundação de Iguaçu”, ele diz textualmente, “Meriti é, provavelmente corruptela” etc.
Assim sendo, creio podermos ainda abordar o assunto, tendo, naturalmente, de considerá-lo dentro de dois aspectos: etimológico e Histórico.
Comecemos por este, de ordem histórica, que é, quero crer, o mais discutível.
Consultando “Memórias Históricas” de Monsenhor Pizarro, encontramos não só a São João de Meriti, bem como, ao rio Meriti, várias referências do autor, grafando o escritor o nome Meriti de quatro formas distintas, a saber: “Meriti – Merity – Miriti – Mirity”.
Na verdade, somente em Pizzarro, encontramos este modo controvertível na grafia de Meriti, porquanto, nos demais autores, sejam antigos ou contemporâneos, observam sempre uma certa disciplina ao grafar o mencionado nome, se bem que, na “Legislação Provincial” de Luiz Vieira Souto, editado em 1850, dá-nos a conhecer o texto da Lei n. 40, de 7 de maio de 1836, no seu art. Primeiro escreve o autor: “As freguesias de Iguassú, Maripicú, Jacotinga e Merity, ficam interinamente fazendo parte do termo da cidade de Nitheroy” etc.
Compulsando o “Dicionário Histórico e Descriptivo do Império do Brasil” de Saint Adolfho publicado em 1863, encontramos sempre e invariavelmente, o nome Meriti grafado com “i” ou seja “Miriti”. Referindo-se ao rio Pavuna, escreve o autor: “Ribeiro da Província do Rio de Janeiro, nasce nas serras do Bangu e Gerixinó, separa por uma parte o termo da freguesia de MIRITI da de Irajá, e vai se juntar com o rio MIRITI” etc;
Reportando-se a freguesia de São João de Meriti, continua o autor: “MIRITI-Freguesia da Província do Rio de Janeiro, cinco légoas ao noroeste da Capital do Império, havia uma igreja edificada antes de 1645, num sítio chamado Trairaponga, em 1647, foi esta igreja eregida em paróchia por alvará de 10 de fevereiro, com o nome de São João de Trahirapunga. Passados vinte anos, edificou-se uma nova igreja na margem semptentrional do rio MIRITI, e transferiu-se para ela a pia batismal, assim foi que trocou o antigo nome da Freguesia pelo de São João de MERITI” etc. Referindo-se agora Saint-Adolphe ao rio Meriti escreve: “MIRITI – rio tributário da Bahia do Rio de Janeiro ou Nitheroy, vem do norte da freguesia de Campo Grande, tendo como afluente o rio Pavuna” etc.
Assim, e sucessivamente, só encontramos na obra do autor Meriti grafado com “i”.
Um dos autores mais consultados para se reconstituir, não só a história da formação da freguesia de São João de Meriti, bem como de muitas outras, é, sem dúvida, Alfredo Moreira Pinto, que todas às vezes que se reporta àquela freguesia, ou ao rio, usou invariavelmente, a grafia MIRITI. Escreveu Moreira Pinto em 1896; “MIRITI – Rio que serve de divisa entre o Distrito Federal e o município de Iguassú, pertencente ao Estado do Rio de Janeiro. Deságua na Baía de Niteroi” etc. Entre todos os autores consultados só em Monsenhor Pizzarro encontramos divergência, por que não dizer, grande divergência, pois na sua obra “MEMÓRIAS HISTÓRICAS” grafou MERITI de quatro formas diversas.
Já agora, manuseando compêndios contemporâneos, encontramos uma certa ordem ao grafar o nome MERITI, naturalmente, em obediência aos aspectos a que me referi, ou sejam: Etimológico e histórico, e é justamente nos autores modernos, sejam ou não tupinólogos, que melhor se faz sentir esta ordem ortográfica, chegando mesmo a estabelecerem diferenciação entre os vocábulos MERITI e MIRITI, como no “LELLO UNIVERSAL”, um dos mais modernos e conceituados dicionários no momento, quando nos dá a saber:
“MERITI: espécie de palmeira muito vulgar no vale do Amazonas”. Enquanto que:
“MIRITI: Rio do Estado do Rio de Janeiro-Brasil”.
Note-se que esta distinção estabelecida no “LELLO UNIVERSAL” Meriti designando palmeira do Amazonas, e Meriti referindo-se a um rio do Estado do Rio de Janeiro, é freqüentemente encontrada em vários outros autores, quer do nosso século, como do século passado, pois Milliet, em 1863, já estabelecia estas duas designações.
Na verdade, há autores que só fazem referênci a MERITI, mas sempre com alusão à palmeira existente na região Amazônica, como por exemplo, o “DICIONÁRIO INTERNACIONAL”: MERITI – Nome de espécie de palmeira muito vulgar no vale do Amazonas.
Encontramos também no “DICIONÁRIO BRASILEIRO DA LÍNGUA PORTUGUEZA”, de Gustavo Barroso, a mesma referência:
“MERITI – Planta da família das palmáceas (mauritia flexuosa)”.
Terminados os fatores, que julgo de ordem histórica, se outro mérito não teve, bastaria, naturalmente, o de melhor podermos compreender a questão em foco.
Trataremos agora de estudá-lo etimologicamente, e, para tanto, temos que nos cingir, como é óbvio, às autoridades versadas no linguajar dos silvícolas.
Recorrendo à Teodoro Sampaio, ou a outros eminentes estudiosos do idioma tupi-guarani, como sejam Saint Adolphe, Moreira Pinto, par não citar inúmeros mais, encontramos invariavelmente o significado das palavras:
“MIRITIM OU MIR – pequeno, breve, miúdo, pouco” etc. assim como:
“TY ou TI – água, rio, caudal”
Logo, tudo nos leva à concluir e aceitar que MIRITY ou MIRITI, que dizer: rio pequeno, pouco rio, etc o que aliás, confere com o original. Enquanto que, MERITI, refere-se à uma palmeira existente no vale Amazônico.
Tomamos conhecimento, através dos fatos históricos que chegam ao nosso conhecimento, narrados por todos os autores, que MERITI é um rio existente na Província do Estado do Rio de Janeiro, que mais tarde veio a emprestar o seu nome à Freguesia de São João, bem como, etimologicamente, MIRITI, traduz-se por rio pequeno. Como então, aceitar a versão dada, que MERITI como corruptela de “BURITY” palmeira existente no Amazonas, tenha vindo a dar o nome ao nosso atual município!
Para aceitarmos esta versão pura e simples, abandonando todos os outros aspectos, seria necessário, pelo menos, que se fizesse a prova, mesmo que remota, da existência da referida palmeira, nesta região.
NA – A par com os elementos contidos na explanação anterior, existe, também, a versão, que consta na pasta de Documentos Municipais do I.B.G.E. estribada em reportagens do “O ESTADO”, jornal que se edita em Niteroi, em seu número de (9-7-48) que indica o nome de Manuel Lopes Pereira Bahia, Barão de Meriti, nascido em 1787, como a fonte geradora da primitiva denominação do nome Meriti.
Pela analogia das datas é fácil verificar que a vetusta freguesia de São João Batista de Meriti, é que deu origem ao Barão de Meriti.
Na minha apreciação o assunto daria panos para mangas, caso tivéssemos que entrar no campo de uma longa análise.
Ficaremos tão somente na superfície.
Pela Lei 5901, em seu artigo 11, é vetado o restabelecimento de nomes de cidades que tenham mais de duas expessões.
J U S T I Ç A
Uma parte integrante da justiça é a misericórdia – Bossuet.
O primeiro Juiz da Comarca, foi o atual desembargador Aderbal de Oliveira, que foi substituído pelo dr. Geraldo Toledo. Atualmente, quem dirige com sapiência os destinos da Comarca é o íntegro Juiz Moacir Morado de Carvalho. O magistrado criou um Patronato, para menos abandonados, obra que é vista, com muita simpatia.
O primeiro promotor: Dr. Artur Itabaiana de Oliveira, homem que descende de uma tradicional família de juristas fluminenses. À frente do Ministério Público, tem demonstrado ser um frio acusado, temido na tribuna.
A delegacia é quem comanda os serviços de polícia, sob a batuta do delegado Wilson Frederici, homem corajoso e de ação. Mas, o policial que contou com maior dose de simpatia da população meritiense, foi Rogério Monte Karp Viana. Como sub-delegado, o veterano desportista, Roberto Emílio da Cunha, homem estimado, vem atuando há muito.
C A R T Ó R I O S
1º Ofício, sob a direção de Murilo Esteves da Costa, homem sincero, que gosa larga estima no ciclo da família meritiense.
2º Ofício, Miguel Gabizo.
3º Ofício, Egas Muniz de Aragão.
4º Ofício, Altair Pereira Soares, homem estimado pela honestidade de que é dotado.
5º Ofício, Alfeu de Andrade Figueira, homem educado, que conta com largo ciclo de amizade e é influente na política.
2º distrito, Otacílio Gonçalves da Silva, ex-presidente da Câmara Municipal.
3º distrito, Emannoel Santos Soares, político militante, homem estimado pelas qualidades que ornam seu caráter.
Médico Legista – Dr. Bernardo Bochers, competente e zeloso.
Registro Cível – Manuel Lutterbak Nunes, tendo como substituto a escrivã Áurea Lopes.
Meriti se constituiu Comarca, no ano de 1952. Até então esteve subordinado à Duque de Caxias.
Em tempo: Dr. Frederico Martinele, substituiu ao Dr. Bernardo, nas funções de legista. É um antigo profissional do Município.
A G R A D E C I M E N T O S
A quem desdobrar este compêndio, onde há um firme propósito de ser respeitado os postulados da justiça, coisa que se esboroa nestes tempos, peço um favor, qual seja, atinar para esta página. Aqui estão nomes que só inspiram respeito, admiração e agradecimentos de minha parte. São meus amigos certos, que sempre acreditaram em meu poder de realizar, enquanto outros, naturalmente, duvidavam disso. Mas, aos que me responderam com a indiferença, também quero agradecer, porque ela só serviu de estímulo ao meu espírito. Quando se tem amigos como os que aqui estão, não se teme aos adversários gratuitos, indivíduos despeitados, que nada edificam. Se pratiquei alguma injustiça, foi inconsciente e outra vez, as minhas escusas se fazem sentir.
Como primeira linha, entre os baluartes que prestigiaram moral e materialmente o meu trabalho, devo citar o nome respeitável de nosso atual governador, industrial Domingos Correa da Costa, homem digno de nossa admiração, pelos preeminentes serviços prestados ao Município.
José Rasuck, este homem de bem, cujo sentido de caridade, já se tornou um fato conhecido de todos. Hoje ninguém prescinde da colaboração de José Rasuck, quando quer construir obra de benemerência.
Ao ex-delegado Rogério Monte Karp Viana, que muito incentivou o meu trabalho, com palavras confortadoras.
Amadeu Vasconcelos, homem estimado na sociedade, português de alma brasileira, que é amigo do progresso.
Manuel Vilela, antigo comerciante, amigo da nossa terra.
José Gonçalves Coutinho, português que pelo espírito de Carioca, que possui, se fez muito querido.
De perto quero mencionar o nome de João Ribeiro Coutinho, conterrâneo e amigo, “ouriçado por fora com um mandacaru, mas macio e suculento por dentro”. Este bravo Nordestino, com o lusitano de bom quilate Abílio Fernandes, homem de ação, Diogo de Almeida e Cezar Baltazar, pessoas distintas, formam a indústria pesada, que se denomina Matadouro Modelo Meriti.
Outro industrial de envergadura, homem sincero, paulista da gema, mas fluminense de coração, é Antônio Serão, o mais completo organizador de empresas de transportes coletivos da Baixada da Guanabara. É, com o seu irmão Leopoldo Serão, a mola mestra, da Auto Ônibus Meriti S.A.
Mário Martins de Lima, líder das Classes Produtoras, atual presidente da Associação Comercial e Industrial, é um idealista moderado, organizou a Companhia Telefônica Meriti, e construiu o Palácio do Comércio, monumento de nossa Cidade.
O jornalista Sylvio Fonseca, diretor de “CORREIO FLUMINENSE”, a quem estimo de coração, pelas excelentes qualidades de seu caráter.
Ao dr. Rui Lobo, médico que muito se destaca.
Atílio Aníbal, laboratorista, moço conceituado.
Carlos Gomes, inventor das afamadas “Velinhas Numeradas”.
Antonio dos Reis, correto industrial, proprietário do Café Serra da Estrela.
Angelino Barata, comerciante distinto, lusitano estimado, homem de bem.
Fernando Barata, homem bom e trabalhador.
Dr. Walter Freire de Arruda, intelectual, da família tradicional.
Artur Pereira, comerciante, estimado, lusitano realizador.
Francisco Apostólico, dono da Drogaria Império.
Albino Gonçalves Espindola, marchante em São Mateus.
Orlando Álvares, antigo comerciante da Vila Rosali.
Oscar Pimenta Soares, médico mais antigo do Município.
Manuel G. D. da Silva, moço de ação a quem admiro.
Luis Marques do Nascimento, correto vereador, ex-presidente da Câmara Municipal, político de prestígio.
Dr. Mozart Erthal, amigo sincero.
Francisco Farias, moço simples e bom.
Armando de Azevedo, gerente do Banco da Lavoura de Minas Gerais.
Irmãos Calil, antiga família de comerciantes meritienses.
Salomão Cusnir, simpatia em forma de pessoa humana.
Dalmácio Coutinho, economista brilhante, Gerente do Açúcar Santa Cruz.
Virgílio Machado, cidadão de ótimas qualidades, amigo de todas as horas.
Dr. Wilson Abraão Mirza, brilhante advogado.
Dona Olívia Bitencourt, e seus filhos, pessoas generosas.
Manuel Sendas, velho comerciante de São Mateus.
João Capeleiro, industrial de São Mateus.
Sinésio de Souza, industrial de São Mateus.
Lauro Godinho, homem de coração aberto, sincero e bom.
Silvio de Carvalho, pessoa distinta, que venceu lutando.
Habib Harp, chefe de ilustre família meritiense.
José Martins, negociante antigo.
Silvio Martins, homem trabalhador e estimado.
José dos Santos Numan, comerciante honesto.
Serafim da Silva, antigo negociante.
ADMINISTRAÇÃO
DOMINGOS CORREA DA COSTA
Que o prefeito do futuro quadriênio siga a mesma trajetória.
Prefeito Municipal DOMINGOS CORREA DA COSTA, que prestigiou moral e materialmente este trabalho. O seu apoio foi de importância vital e sem ele, dificilmente seria possível entregar este compêndio ao povo meritiense. Esta homenagem é justa, porque é a expressão da verdade.
O povo elegeu para o quadriênio de 1955 a 1959 o industrial, Domingos Correa da Costa, homem trabalhador e honesto. É mister enumerar que figurou como concorrente nesta mesma ocasião, além da figura ímpar de Cristóvão Berbereia, um dos mais conceituados munícipes, o construtor Osvaldo Marcondes de Medeiros, homem de pouca cultura, mas de muita atividade.
O prefeito Domingos Correa da Costa, que tem sido um administrador seguro, é, no entanto, um político pouco inspirado. Falta-lhe aquela maleabilidade, que torna o político um indivíduo que nunca diz um “não” a ninguém. Domingos Correa da Costa é seco, rosto fechado, mas um ótimo administrador, melhor amigo e excelente chefe de família.
O futuro prefeito, há de encontrar, quando assumir a curul municipal, a confirmação do que aqui escrevo. Fácil será governar com uma prefeitura que está organizada, em todos os seus setores. As dívidas regularizadas, dentro dos justos limites. Pois o prefeito, antes mesmo de segurar as rédeas do poder, tinha em mente, defender o patrimônio municipal, que pertence ao povo meritiense.
Isso aconteceu quando combateu o famigerado “Tribunal de Contas”* que foi o mais berrante escândalo, que a história registrou. Pois a Câmara Municipal, num dia trevesso para o Município, criou essa aberração, para insultar as consciências. Qualquer pessoa medianamente instruída, saboreia o amargor deste erro palmar.
* Algumas pessoas revoltaram-se contra o “Tribunal de Contas”, pelo aparato com que foi criado, sobretudo com as ostentações de ministros vitalícios e outras despesas desnecessárias. Mas num futuro qualquer os municípios terão que controlar suas finanças com órgãos especializados.
Uma prefeitura que não possuía dinheiro para pagar aos seus humildes servidores, teria que ostentar, com todo o fausto de uma dinastia, esse monstrengo colorido que se resumia numa despesa que ultrapassava a casa de um milhão de cruzeiros anuais. Porque havia no Tribunal de Contas 8 ministros, ganhando cada qual Cr$ 8.000,00, além de um séqüito de 114 funcionários com salários astronômicos para a época.
Aceitar essa situação seria inevitavelmente decretar, por antecedência a falência do Governo Municipal. Há quem diga que do ponto de vista político, incorreu Domingos em profundo deslize. Mas, olhando pelo prisma das finanças municipais, chega-se a uma conclusão racional. O Tribunal de Contas, foi condenado liminarmente, por tratar-se de um “órgão espúrio” que iria chocar visualmente as funções da Câmara Municipal. Isso se olharmos pelo raciocínio desenvolvido pelo jurista dr. Paulo Machado, no Mandato de Segurança, que foi impetrado.
Os interessados, usando de seus legítimos direitos, apelaram para a instância superior, mas foram mal sucedidos também. Houve, é bem verdade, muitos interesses feridos, e não poderia ser de outra maneira. Mas, carece citar que nesta altura dos acontecimentos, o que predominava, era indiscutivelmente, a defesa, a todo custo, do erário público.
Dessa forma teve fim a história pontilhada de acidentes, dos ministros vitalícios, que iriam transformar a municipalidade, numa montanha de confusões. E o povo na sua eterna indiferença pelas coisas públicas, iria pagar ainda mais, as cifras destas despesas.
Já no apagar das luzes a Câmara Municipal, votou ainda um abono de emergência no valor de Cr$ 1.000,00, para cada funcionário municipal, sem consultar a realidade das finanças. Essa despesa forçada tinha como finalidade precípua jogar o prefeito eleito de encontro ao funcionalismo. O próprio senhor Domingos Correa jamais escondeu a necessidade de melhorar as condições dos servidores, mas isso dentro das reais possibilidades financeiras. Dessa forma, reuniu os vereadores eleitos e mediante a eventualidade do estudo da reclassificação dos servidores afastou mais essa despesa, orçada em Cr$ 250.000,00 mensais. Convém acrescer que o Município lucrou muito com essa medida, mas o prefeito, sacrificou a sua popularidade entre os servidores, descontentes com a sua austeridade em cumprir as despesas.
Nesta oportunidade, procura o prefeito um meio de atender aos funcionários.
Os situacionistas, na agonia de deixar o poder comandados pelo então prefeito ainda fizeram “empenho” de somas astronômicas, como a reclamada por serviços prestados pelo Ginásio Meritiense à municipalidade que ultrapassava a cifra de Cr$ 300.000,00, coisa que poderia ser feito com mais vagar, e mediante provas. Tinham essas pessoas a idéia preconcebida de entravar a administração nascente, sobrecarregando-a com dívidas, as mais absurdas, e nunca saldar um compromisso assumido.
Não satisfeitos ainda, criaram outro “empenho de despesas”, com um tal de Francisco de Lima, o qual ultrapassava a soma de Cr$ 1.000.000,00 (hum milhão de cruzeiros) tudo isso com firme propósito de arruinar a prefeitura, o seu novo governo e o povo.
Debaixo desse clima de irresponsabilidade, entrou Domingos Correa da Costa, na Prefeitura Municipal, sob grande aclamação popular. Os meritienses confiavam no seu novo administrador e as suas atitudes, o capacitavam a ser alvo das mais concretas esperanças.
E a sai luta continuou contra as despesas estapafúrdias ao ponto de dissolver a Guarda Municipal, composta de 40 homens, que dava uma despesa redonda de aproximadamente Cr$ 200.000,00 anuais. Para isso, contou ainda com o apoio da Câmara Municipal, que votou unânime, pela extinção da Guarda Municipal.
Aí está, em linhas gerais, a batalha travada por este homem contra os gastos excessivos, que só traziam prejuízos para a coletividade.
Que o povo, ao deletrar este compêndio, contemple este capítulo, que pode ser cognominado, como a fase das aventuras políticas, onde um grupo de demagogos, locupletava-se com o dinheiro do erário público.
Sem réstias de dúvida, ao assumir o poder, Domingos Correa, saneou esse pântano e deu um governo ao povo.
A administração de Domingos Correa da Costa, foi ao que se diz, a melhor que já teve o atual município. Não queremos menosprezar aos demais, como, por exemplo, o governo de José dos Campos Manhães, que foi respeitável. Não vai nenhum favor considerar como boa a gestão do médico iguaçuano. Mas, para salientar a verdade, vamos enumerar as principais obras do atual governo.
Tem, como ponto alto de sua gestão, a coragem moral de inaugurar o Hospital da Caridade, uma das mais velhas aspirações de nosso povo.
Remodelou a Praça da Bandeira, que havia sido transformada em um depósito de lixo, fazendo da mesma moderno logradouro público.
Comprou um trator para a prefeitura no valor de Cr$ 500.000,00 e com o mesmo tem modificado plenamente todo o aspecto topográfico do Município, barateando o serviço de terraplanagem.
Criou o serviço de carpintaria, que tem fabricado a maior parte dos móveis para o Hospital, a prefeitura e escolas municipais.
Modificou a garagem municipal, sob a direção de José Barbosa, que de simples sucata passou a ser oficina com capacidade para consertar todos os carros da prefeitura, com eficiência e baixo custo.
Remodelou completamente o jardim de Éden, que estava transformado em um matagal e também enfeitou a Praça Manuel Reis, dotando-a de modernos requisitos.
Criou a maioria das redes de esgoto do Município, e para baratear a mão de obra, dotou a prefeitura com a sua própria fábrica de manilhas.
Fez a rede interna de telefones, para facilitar transmissões de ordens e dar o máximo de conforto ao funcionário para melhor produzir.
Organizou o arquivo municipal que antes era apenas um amontoado de embrulhos, facilitando uma série de fraudes nos documentos oficiais.
Renovou os móveis da prefeitura que eram antiquados dotando todas as seções com ventiladores para minorar o calor quando chega o verão.
Modernizou a praça de Coelho da Rocha, que não condizia com as aspirações de seu povo.
Ampliou a ponte sobre o rio Pavuna, prolongamento da rua Nossa Senhora das Graças com a Automóvel Clube. Este alargamento é de capital importância para o Município.
Propiciou a “Fonte Multicor” da Praça da Bandeira, uma das mais belas da Baixada da Guanabara.
Este livro não detalha o que significa a administração Domingos Correa da Costa. Uma série de obras ficaram à margem. Detive-me tão somente nas coisas de maior vulto. Que o prefeito do próximo quadriênio possa continuar na mesma trajetória, para a grandeza de São João de Meriti.
Calçamentos: Expedicionários – São Pedro – Mauro Arruda (trecho) – Valério Vilas Boas – Aderbal de Oliveira – contorno do Jardim da Praça da Bandeira – Mauro Arruda – Getúlio Moura – São Pedro – Gonçalves Dias – Santo Antônio – Amazonas – Praça de Éden – Coelho da Rocha – D. Lara – Telles de Menezes – Ari Parreira.
Rede de esgotos: Av. Arruda Negreiros – Aderbal de Oliveira – Mauro Arruda – Valério Vilas Boas – Amazonas – Santo Antonio – São Pedro – Av. Pernambucana – Av. Operária com Judite (travessia).
Código Tributário, criação do prefeito Domingos Correa, veio preencher uma grande lacuna. O Código de Obras, em vias de organização, é outra indescritível ! consecução da administração atual. E o cemitério que foi carinhosamente tratado, inclusive merecendo a cruz iluminada, a capela, amuramento, etc. O seu administrador é Osvaldo de Oliveira.
O prefeito Domingos Correa da Costa, reconstruiu as seguintes pontes que se encontravam em péssima situação:
A antiga ponte sobre o rio Pavuna, ligando o Estado do Rio de Janeiro com o Distrito Federal, pelas cabeceiras da rua Amazonas;
Ponte da Praça da Bandeira, entre Coelho da Rocha e o Vilar dos Teles;
Ponte defronte ao grupo escolar Rubens Farrula, em Vila Rosali, beirando a Av. Plácido Figueiredo Júnior;
Pontilhão da rua Leblon, de 5m x 3m, sobre um valão ali existente;
Pontilhão de 10m x 2m na rua Agostinho Porto com Av. Pernambucana;
Projeto: construção de um valão de cimento, para escoar as águas pelo centro da Avenida Carioca, na Vila Rosali;
Paredão: construiu o paredão de pedra, nas cabeceiras da Av. Fluminense, para garantir as propriedades que ficam na lateral da antiga escada que subia o morro.
Galeria – de 12m x 3m, na rua Fano Cumprido, em Éden, para escoamento das águas e facilitar ao tráfego de viaturas.
PRINCIPAL FONTE DE RENDAS
1º lugar – Imposto Predial .......... Cr$ 7.500.000,00
2º lugar – Imposto Territorial .... Cr$ 3.000.000,00
3º lugar– Indústria e Profissões . Cr$ 3.000.000,00
Receita Orçamentária para 1957 - Cr$ 39.354.088,00
Há merecer salientar que as indústrias pioneiras estão isentas do imposto durante 5 anos.
Ainda mais: as indústrias não pioneiras, gozam da regalia de 50% de descontos em igual período.
O valor industrial do Município, conforme informações do I.B.G.E., foi calculada em Cr$ 220,426.340,00, isso em 1957.
Existem 50 indústrias no município, mas as suas possibilidades no campo industrial, se revela quando se observa as vastas áreas existentes, sobretudo à margem da Rodovia Presidente Dutra.
Atualmente, as pessoas de idade superior a 14 anos se dedicam as atividades do comércio e da indústria do Distrito Federal, por ser limítrofe e existir ainda muita condução, o que assegura um intercâmbio constante com a capital do País. Isso enquadra Meriti no conceito de Williamson, que é a “cidade de dormir”, com a diferença de que Meriti, com seus 10 anos de existência, avançou bastante no terreno de sua própria manutenção. Isso, por outro lado, não implica em dizer que a indústria pesada da Capital do País e as diferenças salariais não figurem como elementos de séria concorrência. Todos os municípios limítrofes do Distrito Federal ressentem naturalmente à preponderância da Metrópole.
ARRECADAÇÃO DE 1957
Estadual ..................... Cr$ 42.003.107,00
Federal ....................... Cr$ 31.972.501,00
Municipal ................... Cr$ 39.354.088,00
Havia antigamente um botequim denominado “Ponto Chic” que ficava no local que se encontra a rua da Matriz com a Manoel Rosa. No ano de 1927, o comissário Inocêncio dos Santos deteve e espancou, no interior do mesmo, um sargento do Exército, que faleceu em conseqüência da surra que levou. Os militares se reuniram e fizeram um ataque ao “Ponto Chic”, quando nele se encontrava Ari de Alvarenga, homem de temperamento violento. O conflito foi tamanho que as famílias ficaram alarmadas. Alguns cadáveres foram encontrados dentro do Rio Pavuna, pois foram grandes as baixas de ambos os lados. As noites passaram a ser pesadelos para os meritienses, que aguardavam a todo instante, uma vindita dos soldados. Há quem diga que Virgílio Pinha, era dos poucos que pernoitavam na Cidade.*
* O botequim de Antonio José Moraes, foi totalmente arrasado pelos soldados que usaram inclusive metralhadoras. O tiroteio durou mais de uma hora e o comércio ficou completamente abandonado. Nesta baderna, mataram o dono do varejo da estação, que se recusou a correr na frente da patrulha. Os danos causados ao comerciante Moraes atingiram naquele tempo a soma de vinte e sete mil cruzeiros. Houve inquérito do Exército e nada ficou apurado. Deste conflito, pelas informações, houve uns dez mortos.
Antonio Hermont, nome de um dos maiores latifundiários, que residiu na casa, que também foi do Tranqueira, conforme referência feita alhures.
Rosali Farrula, esposa do dr. Rubens Farrula. Em homenagem a tão importante senhora, o povo deu o seu nome ao lugar que se denominou Morro da Botica, Alcântara, que ficava na meia encosta do morro, perdendo essas denominações em 1929, por iniciativa da Emp. Territorial Lar Econômico. O seu esposo homem de ciência, logrou ser Secretário de Agricultura, distinção feita pelo Governo de Amaral Peixoto, o que muito honrou o povo desta terra.
Coelho da Rocha, homenagem a Manuel José Coelho da Rocha, homem bom, dos tempos do engenho. O seu neto Almérico José, apesar dos anos ainda visita suas propriedades, que se estendem por uma longa área do 3º Distrito. É uma plêiade de pessoas ilustres, onde figura o General Odílio Denys.
São Mateus – Parte de uma das mais antigas fazendas da região, que pelo ano de 1637, João Álvares Pereira, ali fundou uma capela. Depois se desdobrou em Engenheiro Neiva, pelo lado da Central do Brasil e em Galdino Rocha pela Linha Auxiliar. Agora pelo decreto nº 1.705 de 1921, recebeu o nome de Nilópolis, tendo a parte da Auxiliar, retomando sua antiga denominação.
Luis da Hora, que fazia a política governista, valendo-se da situação, cometia, as vezes, certas arruaças. Era um político temperamental, apesar de ser pessoa benquista. Assim, foi que em companhia de alguns soldados do Exército, travou forte tiroteio com Ernane Fiore, nas imediações do local onde está o botequim de Rodrigues e Souza. Saltando a cerca da residência de João Antunes, ai deixou, Ernane o seu revolver e desapareceu pelos campos do antigo matadouro. Consta que entre 1927 até 1930, Meriti viveu mergulhado num verdadeiro Far-West !
O senhor José Xavier de Medeiros é um dos mais antigos farmacêuticos desta localidade. Andava no dorso de cavalos, pelos caminhos longos das fazendas, distribuindo remédio para os doentes. Era “doublé” de médico e farmacêutico, pois naqueles tempos raríssimas vezes aparecia um facultativo em Meriti.
Da família do Comendador Telles de Menezes, podemos indicar os médicos Francisco Telles e Manuel Telles; advogado, Pedro Telles, ex-prefeito de Iguaçu; Dona Ana Telles, Dona Joaquina Telles Rocha Faria e Luis Telles.
Dona Francisca Jeremias Silveira Menezes e seus filhos, Dr. Alberto, Pedro, José, Osmar e a prof. Feliciana, a Escola Francisco Manuel.
As diversas seções da prefeitura municipal, estão sob a chefia de funcionários competentes e honestos, o que determina uma grande parcela do êxito da administração de Domingos Correa da Costa.
Jacy Alves dos Santos – Inspetor de Rendas, Manuel Gonçalves, Chefe do Serviço de Fiscalização; Ernane Fiore, Chefe do Serviço Interno da I.R.; Neuma Soares Vitorino, Chefe do Protocolo; Engenheiro Dehane de Moraes, Divisão de Obras; Marcelino Julio Gonçalves Fortes, Tesoureiro; Augusto Teixeira Marinho, Fiel de Tesoureiro; Acácio de Souza Aguiar, Chefe do serviço de águas; José Ferreira Goulart, Chefe de Patrimônio; Arlindo da Rosa Mancebo, Departamento de Coletivos; Valério Vilas Boas, serviço de receita; Jorge Alvarenga, Chefe do Serviço de Despesas; Fernando Ernesto de Araújo Filho, Diretor da Divisão de Administração; Rubens Rodrigues, Departamento do Pessoal; Aridelson Garcia Terra, Chefe da contabilidade; Walter Rodrigues, Diretor de Fazenda; Joaquim Marinho, Encarregado Rodoviário; José Barbosa, Chefe da garagem; Eny Martins Zambrano, Diretora de Ensino; Zelina Fernandes, Inspetora de Ensino; Fernando Duarte e Roberto Emílio da Cunha, secretários.
Estes servidores municipais, demonstraram sempre possuir elevado espírito de amor ao trabalho. Seria necessário, para espelhar realmente o teor moral que domina o funcionalismo municipal citar nominalmente a todos os que, infelizmente, se torna impossível. Aos construtores anônimos da grandeza de nosso município, a eterna gratidão do povo.
Logo após a revolução vitoriosa de 1930, esteve em Meriti, o oficial de Polícia Militar, Artur Vitor, que era membro da Aliança Liberal. Os antigos moradores fizeram então festas para homenagear o visitante ilustre. Entre os homenageantes, estavam: Amadeu Lanziloti, Alzira Santos Soares, Miguel Jasku, Raimundo Maciel, Coronel Rodolfo Anichino, todos partidários de Getúlio de Moura, moço cheio de ideal que se iniciava na política sob os auspícios de Ricardo Xavier da Silveira, prestigiosa figura da política iguaçuana. Aí mesmo, nesse dia, com o assentimento de todos, a professora Nazaré Sutinga, que atualmente é advogada no Distrito Federal, num bonito discurso, lançou Getúlio de Moura, candidato a vereador. Nesta ocasião estava profundamente abalado o prestígio político do Coronel Eliseu de Alvarenga Freire, e começava a despontar o de Getúlio Barbosa de Moura e Tenório Cavalcante.
Era prefeito de Nova Iguaçu, com a queda do Presidente Washington Luis, o coronel Nicolau. Os meritienses, entusiasmados com a coragem do jovem iguaçuano, Getúlio de Moura e insatisfeitos com a nomeação do dr. Arruda, reuniram uma força clandestina e marcharam sobre Nova Iguaçu, destituindo o Coronel Nicolau do poder, e dando posse a Getúlio, que governou apenas por algumas horas. Fez parte desse movimento Raimundo Maciel, Telmo Anichino, Miguel Jasku, Joaquim de Almeida, Tenente Cabral, Marcelino dos Santos Fagundes, e outros; João Antunes e Joaquim de Almeida, ficaram em Meriti, como elementos de ligação, enquanto o resto, invadia a terra dos laranjais, escrevendo uma das mais belas páginas de nossa História. Foi mantida a indicação e o Dr. Sebastião Arruda Negreiros assumiu a prefeitura Municipal.
Luis da Hora, homem irrascível, encontrou-se com uma escolta do Exército, mandada para debelar a rebelião, e revistou a casa dos revoltosos, fazendo várias prisões. Um fato memorável: ao vistoriar a casa de João Antunes, a escolta atirou todos os moveis à rua. Só restou intacto um berço onde dormia inocentemente a menina Cilinha, filha do casal João Antunes e a professora Alzira dos Santos Soares. A criança, que os soldados respeitaram é atualmente a madame Ercila de Mattos, esposa de Luis de Araújo Mattos, um dos mais destacados membros da sociedade. A arma procurada estava sob o seu inocente bercinho.
ALGUNS VARÕES
Assina Tanus - Tronco da famíla Bedran
Salim Razuck - ¨ ¨ Razuck
Elias Daher Chedier - ¨ ¨ Daher
Manoel Honorato - ¨ ¨ Alexandria
Serafim Silva - ¨ ¨ G. D. Silva
Padre João - ¨ ¨ Filkis
José Henrique - ¨ ¨ Irmãos Henrique
Camalo Demétrio
Vitor Monteiro
Mirza Abraão
Manuel - ¨ ¨ Sanches
Jacob Américo - ¨ ¨ David
Leolino - ¨ ¨ Ribeiro
Inácio Alves - ¨ ¨ da Silva
ESTRADAS DE FERRO
ESTAÇÕES INAUGURAÇÃO
Pavuna Auxiliar 7-7-1910
S. Pedo 15-1-1883
S. João Meriti (Vila Rosali) 11-9-1910
Belford (Eng. Antonio Sales Nunes) 27-7-1911
São Mateus 11-9-1910
Éden (Itinga) 29-12-1914
Agostinho (de Castro) Porto
(antigo Coqueiros) 29-12-1914
Coelho da Rocha (Manuel José)
Vila Rosali (Morro da Botica,
Alcântara) 1929
Associação Comercial 29-2-1939
Primeira diretoria provisória: Cristóvão Correa Berbereia, Antonio Alexandre e Inácio Alves da Silva.
Diretoria atual: Mário Lima, Heraldo Antônio Faria, Antonio Alves Ramos, José Alves de Carvalho, Luiz de Souza, Álvaro de Almeida, Aristeu Pereira dos Santos, Irineu Ribeiro dos Santos e Altino Ferreira Marques.
HISTÓRIA À MARGEM
Em Tomazinho, lugar que herdou o nome de Tomaz de Souza Peixto, figura entre os veteranos, Vicente Serra, que tem como sucessores, Inácio e João Serra. Ainda mais: Francisco Teixeira Pinto, Antonio Lázaro de Almeida, Francisco Ferreira Goulart, Antonio Pires, Avelino de Freitas, e Armando Pires.
Rememoramos os antigos de Éden, outrora conhecido como Itinga, que são Carlos Marx, Manoel Veloso, Otacílio Gonçalves da Silva, José Torres, Aristeu Mauricio Brum, Ausgusto Torres Homem, João Pinheiro, e Alfeu Neves.
São Mateus, é um dos lugares onde reside grande número de velhos habitantes da terra. Citaremos Manuel Sendas, comerciante que possui numerosa e respeitável prole; Nicolau e Dona Julia Cheuen e seus filhos Felício, Jorge e Dona Lucy; Francisco Correa da Costa, homem de bem, radicado há longos anos na rua Albertina; Aureliano Costa, mais conhecido como “Lauriano”, é um “tronco” em Portugal Pequeno; Mario Mello, Tertuliano Lucas Suprino, José Marques, Manuel Silveira Filho, Celso de Souza, João da Costa, Mario Medeiros, José Xavier, o falecido Adelino de Oliveira e Vitoriano Monteiro, são veteranos do lugar.
Engenheiro Belford, as raízes mais antigas são os descendentes de Major Augusto Cezar, homem que deu terras para a passagem da linha de ferro, mas que sempre foi esquecido muito embora tivesse méritos para merecer dar seu nome a Estação. Assim, mencionamos Dona Ermelinda Cezar da Silva, esposa do Tenente Henrique Cezar da Silva Pinto, que deixou os seguintes filhos: Henrique Júnior, Camila, Alberto, Lhevegilda e Mariana; logo após os descendentes de Augusto da Costa de Ameida Barreto, que deixou Casemiro Barreto e Jovelino Barreto; Alzira Passos, segue na ordem dos antigos, com os seus filhos: o saudoso Saint-Clair, Pedro, Oscar Jordelino e Guilherme; Alfredo de Carvalho e seus filhos Alfredo e Sergio; Josino Rodrigues da Fonseca, esposo da Dona Mariana, uma das mais abnegadas parteiras do local. Américo Felisberto Pires, Luis Pacheco da Rocha, Hermes Noronha, Joaquim da Motta, e Ladislau Lucas, este último falecido, são decanos em Belford.
Notificamos o casal de cabelos alvos: Joaquim Rosa e a sua digna esposa: Dona Alice Rosa. O ancião era pastor da Igreja Batista Betel que depois se transformou na primeira igreja Batista do Município. Foi um casal que lutou honradamente e deu a São João de Meriti dois advogados ilustres: dr. Eliasar Rosa lente do Pedro II e o dr. Elieser Rosa, professor da Faculdade Católica, Juiz de Direito, no Rio de Janeiro. Ambos tiraram os primeiros preparatórios no Colégio Batista, enfrentando uma série de dificuldades. Que fique aqui registrado este preito a um casal que soube educar seus filhos para vencer na vida.
Professor Plácido Figueiredo, é outro exemplo do quanto pode operar a vontade. Começou a sua vida como modesto barbeiro, na antiga Estação de Pavuna. Depois especializou-se em professor de alunos, tendo começado a sua carreira na modesta escola daquela moça que se chamava Maria França e que seria a sua esposa depois. Formou-se em contabilidade e é atualmente diretor do Educandário São João Batista. Possui uma prole muito grande: Plínio, Plinia, Paulo, Placedina e Plácido Junior, este último falecido. É um exemplo de perseverança, digno de ser imitado.
Também quero deixar gravado o sacrifício de um rapaz pobre que atualmente é um advogado de nomeada. É o doutor Antonio Hélio de Oliveira. Este moço de alma forte, lutou com ingentes sacrifícios para conquistar o seu diploma de advogado. Mencionarei, também, o tenente Ailton Gomes, oriundo de família pobre que com brilho conseguiu ser oficial da Marinha de Guerra. O seu esforço deve ser imitado por essa juventude irresponsável, que troca o banco das escolas, pelas mesas dos botequins. Este brioso oficial de nossa Marinha, é o orgulho do casal Manuel e Adélia Gomes, que travaram também a sua batalha na sombra para conseguir ver o jovem Ailton galgar o posto em se encontra.
-o-
A centenária fazenda do Brejo foi vendida pelo Visconde de Barbacena aí por voltas de 1851, juntamente com o Porto do Brejo, ao senhor Manuel José Coelho da Rocha. As suas demarcações eram assim: da Botica até Areia Branca pelas cabeceiras e pelas laterais pelo Carrapato e Cachoeira. Dizem que este negócio foi feito na ocasião em que o Visconde estava em situação precária, completamente desfavorecido pelo Imperador. Dos descendentes do varão, Coelho da Rocha, ainda vive na Capital; Antonio, Alceu, Melquiades e Aurélio Coelho da Rocha, este pioneiro.
Entre os que subiram com sacrifício, podemos mencionar Moises Henrique dos Santos. Este homem veio de origem muito modesta, e a sua vida é uma verdadeira epopéia. Na infância, era um simples vendedor de bananas, figura pálida, no cenário social. Mas sempre foi um dos estudos. Tirou o seu curso no Souza Marques e muita gente recorda dos dias em que o mesmo com seu uniforme desbotado, em companhia de Newton Anet, Berenici Mello, Antonio Hélio e tantos outros embarcava na velha estação de Magno. Depois, fundou uma pequena escola na rua São João Batista, onde lecionava o primário. Daí com sacrifícios enormes conseguiu construir o ginásio, que é bem a prova de sua capacidade de trabalho.
Domingos Correa da Costa, começou a sua vida também como um simples trabalhador de olarias. Aí por volta de 1926, comprou em São Mateus, um pequeno armazém, onde vivia com a sua modesta família. Fez-se motorista profissional e foi trabalhar em Petrópolis, onde estudava à noite. Posteriormente, comprou, com sacrifícios, um caminhão e abriu um pequeno negócio na rua São João Batista. Para ser o que é atualmente, sofreu duras privações, mas deu o exemplo de trabalho e de força de vontade. É casado com a distinta senhora Dona Maria Lira Garcia da Costa, moça de fino gosto literário. Os filhos do casal são os estudantes: Rui, Domingos, Gil, Carlos e Nei Correa da Costa, este último seminarista por vocação.
No lugar denominado Parque Tiradentes, viveu no antanho Francisco Pantaleão Dias, com a sua esposa Dona Cândida Cezar, descendente do Major Augusto Cezar, com seus filhos Regina, Raul, Rogério, René, Raquel e Ruth.
Pelo lado da professora Francisca Cezar, podemos indiciar: Augusto, Mario, Marieta, Camila, Zilda, Odoxia, José, Olívia e Abigail.
Carlos Cezar, também descendente do Major, e seus filhos Nilo, Jaciro, Wanderlei, Juracy e Moacir.
Odoxia Cezar, que vive no lugar denominado Engenheiro Belford, com suas filhas Nilza, Neuza e Neli.
Do saudoso coronel Eliseu de Alvarenga Freire, nasceram em Meriti, José de Alvarenga, Eliseu de Alvarenga Júnior e Ari de Alvarenga que faleceu intoxicado ao ingerir água de um poço, onde existia uma cobra, em estado de putrefação.
Da parte de Valério Vilas Boas, apontamos ainda seus filhos Waldilio, Walério, Walquiria e Mercilia.
HOMENAGEM PÓSTUMA
Ao Aviador Luis Anet, ex-integrante da Força Aérea Brasileira, missão nos Céus da Itália, uma das mais queridas figuras da sociedade meritiense. O primeiro vôo, de Anet, foi feito em um “Stilman” K-222, sob o paraninfo do tenente Sinval em companhia de Hilkias Nunes. O aviador meritiense, ingressou depois na aviação civil, tendo perdido a vida, quando amerizava sobre o rio Amazonas, que tornou-se o túmulo eviterno do nosso herói esquecido. O seu aparelho era do tipo Catalina, da Panair do Brasil que estava à serviço da Presidência da República.
Registro ainda o nome do tenente Nilton Campos Soares, orgulho da mocidade estudantil, moço de origem modesta, mas, que, com esforço e valor atingiu o oficialato da Força Aérea Brasileira, onde perdeu a vida no posto de tenente, quando aterrizava o seu aparelho, no Campo Santos Dumont, precipitando-se no Calabouço, que tragou a sua preciosa vida.
HEROI ESQUECIDO
O Almirante Negro, João Cândido, ex-comandante do São Paulo, na heróica revolta da marujada para abolir o chicote na Armada, vive esquecido, no Município. Alquebrado pelos anos, mas de ânimo forte, trabalha como pescador, este bravo, que merecia um arrimo dos homens de bem, e dos poderes públicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário